Na semana passada relatei neste espaço reminiscências da campanha eleitoral de 1968 em que meu pai se elegeu vereador, função para a qual não havia pagamento de salários. Antes de tornar-se político, o “velho Giba” andava rodeado de pessoas. Era comum, nos almoços em família, a presença de desconhecidos. A maioria era de pessoas humildes, do interior do município, que sequer falam português.
Meu pai as buscava na rodoviária. Depois levava até a Exatoria Estadual para resolver problemas legais e burocráticos, encaminhava para consultas médicas ou orientava para todo o tipo de dúvidas. Isso era feito “com amor à camiseta”, com uma dedicação que até hoje tento copiar de meu pai. Na minha concepção de vida, ajudar a quem precisa é obrigação de todo ser humano.
A proliferação dos escândalos envolvendo figuras públicas, porém, ofuscou a importância da política em nossa vida. É compreensível a rejeição que os candidatos enfrentam nas ruas em busca da preferência. Este voto, no entanto, é a arma mais eficiente do cidadão.
A supervalorização das notícias negativas é uma tendência no Brasil. Não se trata de pregar que o mundo é cor de rosa. Mas considero injusta e prejudicial a escassa divulgação de experiências exitosas que temos em diversos municípios, através das prefeituras e Câmara Municipais.
Sair do anonimato sem dinheiro constitui uma missão quase impossível de superar
Comunidades como a nossa, onde as pessoas conhecem os candidatos no dia a dia, contam com a maior facilidade em acertar na hora do voto. A briga pelo rádio e tevê se restringe aos centros maiores, onde é impossível visitar todos os bairros e vilas. Aqui, o corpo a corpo, o olho no olho e a abordagem pessoal ainda são métodos eficazes na conquista da preferência dos eleitores.
Com a nova legislação, temos paredes e placas livres da imundície resultante da colagem de cartazes. Os canteiros e trevos estão limpos, sem a proliferação de cavaletes. Mas, por outro lado, imagino a dificuldade dos candidatos que não detêm mandato ou sejam “mortais comuns”, sem fama. Sair do anonimato – sem dinheiro e pouco espaço no horário eleitoral – é uma missão quase impossível de cumprir.
Estamos no epílogo de mais uma campanha eleitoral. A vontade do eleitor é soberana. A época dos mandatos sem salário ficou no passado, mas a busca de soluções para nossos problemas deve constituir obsessão daqueles que elegeremos no domingo.
Por isso, antes de confirmar o voto, reflita, analise, compare e seja exigente. É uma oportunidade que só voltará a se repetir dentro de quatro anos!