“A pior democracia é melhor que a melhor das ditaduras”. O dito, surrado, se impõe no momento em que os votos nulos, brancos e as abstenções dominam o debate político. A decisão do eleitor deve ser acatada. E ponto.
O processo democrático é um aprendizado permanente. Exige humildade na vitória e dignidade na derrota. Vencer ignorando o mérito coletivo é tão equivocado quanto buscar culpados pela frustração nas urnas. Isto não é fácil principalmente nas pequenas comunidades onde todos se conhecem desde o nascimento.
Gosto de política. Admitir é uma temeridade, pelo recado do eleitor e pelos escândalos repetidos. Mesmo apaixonado pela atividade não desconheço as mazelas. Há muito que fazer, reformar, modernizar, atualizar e trazer à realidade.
Se impõe, todavia, mostrar que a política é a arte do diálogo em contraponto à força. Foi assim que o Brasil chegou ao processo de redemocratização. Hoje podemos dizer e escrever com total liberdade, resultado de uma luta incansável de um conjunto seleto de líderes políticos que trouxeram nosso país ao rol de países onde a liberdade é conquista concreta.
A omissão permite a proliferação de estelionatários da esperança
Eleição é a gênese da democracia. Vencidos e vencedores, agora, devem fiscalizar aqueles que receberam a honra de defender nossos interesses. Falta de tempo, asco pela política, frustração pela derrota. Nada disso justifica esquecer as demais etapas que fortalecem a democracia.
O município é como um grande prédio de apartamentos, onde infelizmente há excesso de reclamações. As desertas reuniões de condomínio demonstram falta de interesse, priorizando as queixas murmuradas na garagem e corredores.
O exercício pleno da democracia atende a diversos pressupostos onde a vontade é o indutor básico. Não existem candidatos perfeitos. O ser humano é cheio de deformações, mas certamente existem pessoas com qualidades que se aproximam de nossos anseios de caráter, dignidade, decência e ética.
“Quem não gosta de política cada vez mais será governado por aqueles que gostam”. Também desgastada, a frase resume a verdade do nosso dia a dia. A demonização da política, a “Geni do momento” – aquele em que todos atiram pedras – é campo fértil à proliferação de estelionatários de sonhos.
Omitir-se é dar um cheque em branco a esta legião de vigaristas.