A sociedade moderna se caracteriza pela escassez de tolerância e de solidariedade. Isso fomenta o egoísmo que alimenta a violência e o descaso com o semelhante. O consumismo, a cultura do descartável – inclusive nas relações interpessoais – e a postura da ostentação (turbinada pelas redes sociais), transformaram as pessoas.
O humanismo é praticado apenas nas festas de fim de ano ou através de esporádicos trabalhos voluntários. Impressiona a dificuldade das pessoas em conviver com os revezes da vida. Isso se mostra mais fortemente entre os jovens. Experiências de frustração transformam o comportamento, provocando atitudes agressivas, onde a intolerância salta aos olhos.
Invejo a paciência dos professores, obrigados a manter o controle diante de tanta desfaçatez da rotina que inclui a obsessão da gurizada pelo telefone celular dentro da sala de aula. Embretados pela moda que impede até a entonação de voz acima da média, os outrora “mestres” agora são reféns destes pequenos malfeitores, mimados por pais omissos que não impõem limites.
A proliferação de atitudes agressivas se estende no trânsito, na fila do caixa do supermercado (que determina o máximo de 10 unidades compradas), se estende no transporte coletivo – onde idosos, gestantes e deficientes físicos ficam em pé – e em tantos outros ambientes. Em todas as circunstâncias existe a incapacidade de agir coletivamente.
Contrariar interesses dos jovens é preparar para os revezes da vida real
O currículo escolar carece de inúmeras disciplinas com viés humano que poderiam reverter o quadro atual de egoísmo. A valorização da pessoa, a partir do estímulo à solidariedade, é caminho inequívoco para restabelecer algumas premissas para a boa convivência social.
A cultura do acúmulo e do consumismo exacerbado, estimulado pela publicidade agressiva, impõem modelos culturais que contam com a omissão de pais. Estes atendem todas as vontades dos filhos, fogem do conflito entre o mundo ideal e mundo real. No mundo ideal os jovens viajam para lugares paradisíacos, usam roupas de grife e frequentam as baladas da moda ingerindo muito álcool.
A vida real, porém, a adequação das vontades ao orçamento doméstico, real. É aí que as frustrações desempenham papel fundamental para fomentar a maturidade para o enfrentamento de episódios incômodos ao longo da vida.
Sem uma mudança radical de comportamento teremos uma sociedade ainda mais voltada ao material, ignorando a importância do companheirismo, da solidariedade e da reciprocidade.