Atualmente muito se fala em transtorno bipolar, porém pouco se sabe sobre o assunto. É comum ouvirmos familiares, amigos ou conhecidos “acusando” o outro, ou como uma crítica: “aquela lá é bipolar”, ou até mesmo falando com orgulho “ah, eu sou bipolar”. O que poucos sabem, porém, é que o transtorno bipolar é uma patologia psiquiátrica grave. Ela traz muitos prejuízos para o seu portador e muitas vezes demora tempo a ser diagnosticada e adequadamente tratada.
Segundo a médica residente em psiquiatria Émile Krüger, o transtorno em questão é bastante estudado no meio médico, sendo alvo de muitas discussões. Ele pode ser dividido em dois tipos, o Tipo I, que é um transtorno de polos mais intensos, sendo caracterizado basicamente por períodos de mania, que apresenta sintomas como euforia ou irritabilidade intensa, pensamento e fala acelerados, aumento da energia, redução da necessidade de sono, exposição a riscos.
“Esses períodos podem ser intercalados por períodos de depressão, no qual a pessoa sente-se desanimada, sem energia, triste, com pensamentos persistentes de conteúdo pessimista e até mesmo de suicídio. Os períodos podem durar de semanas a meses”. Já no Tipo II, ocorrem períodos de depressão mais intensa, intercalados com períodos de hipomania, em que ocorrem sintomas semelhantes aos da mania, porém menos intensos e por menos tempo.
Émile alerta que a causa da doença ainda é pouco esclarecida, porém sabe-se de um forte componente genético. Pela forte associação a pensamentos e tentativas de suicídio, é um importante fator de risco. Em ambos os tipos pode ocorrer a necessidade de internação, principalmente devido a exposição a riscos e pensamentos ou tentativas de suicídio.
“O que preocupa é que as pessoas, e também o indivíduo, muitas vezes consideram esses sintomas como parte do temperamento da pessoa e não percebem que pode fazer parte de uma doença. Para pensarmos na patologia, é necessário que haja uma série de prejuízos pessoais, sociais e profissionais, levando a um estranhamento do meio ao indivíduo ou um estranhamento do indivíduo em relação ao que vem sentindo”. Esse tipo de patologia surge subitamente, contrastando com o comportamento habitual da pessoa.
Além disso, o risco de que essa pessoa desenvolva hábitos para “compensar” o comportamento é grande. Segundo a médica, a porcentagem de pessoas com o transtorno que desenvolvem abuso e dependência de álcool, assim como maconha e outras drogas é alto. “É fato que o uso dessas substâncias, vistas em um primeiro momento como “atenuadoras” do quadro, pode agravar e muito o transtorno, assim como piorar o prognóstico da doença”.
Émile ressalta que é de suma importância a ajuda profissional especializada, pois devido às particularidades deste transtorno, existem medicações que quando prescritas de forma equivocada, podem agravar o quadro. Geralmente o médico psiquiatra é o profissional mais indicado, porém a atividade multidisciplinar nesses casos é de grande importância.