Adoro crianças. Não posso ver um piá ou uma guriazinha no supermercado sem puxar conversa ou fazer uma brincadeira. Mas confesso que não gostaria de estar na pele dos pais desta gurizada de até 10 anos porque o mundo está muito complicado, com muitos riscos e tentações.
Tenho um casal de filhos de 21 e 22 anos. Procuro manter contato diário com conversas presenciais ou por mensagens do WhattsApp. Quero saber onde estão, com quais amigos, os planos para o futuro. Nesta idade, os valores básicos da formação do caráter já estão consolidados.
A internet é um desafio moderno e gigantesco para pais novatos. A rede mundial de computadores traz para dentro das nossas casas todo tipo de conteúdo, do pior ao mais edificante. Isso gera preocupação permanente para os responsáveis pela educação da gurizada.
Existem dispositivos eletrônicos para vigiar os conteúdos acessados, mas também há inúmeras maneiras de burlar estes controles. Com certeza o Google – o Pai de Todos – mantém links do tipo “como enganar seus pais que controlam a internet”. O onipresente telefone celular viabiliza a portabilidade, tornando-o uma espécie de membro da família.
Uma das alternativas talvez seja refletir sempre e avaliar todos os dias a rotina junto aos filhos
A ética é base definidora do caráter. Atitudes comprometidas com o bem devem balizar o comportamento, mas a realidade nem sempre é assim. No convívio familiar, milhões de jovens compartilham cenas deploráveis, exemplos negativos na formação da personalidade.
Num mundo competitivo e de ostentação, como é possível os limites éticos na busca de um lugar de destaque profissional ou aproveitar oportunidades imperdíveis ao longo da vida? Ao mesmo tempo, como educar os filhos para não serem taxados de “trouxas”, vítimas do “bom mocismo” por respeitarem todas as regras?
A hesitação dos pais é procedente. É tema recorrente de reuniões na escola, no bate-papo à beira mar. Uma das alternativas, talvez, seja refletir constantemente, avaliar todos os dias a rotina e acompanhar a reação dos filhos. Mesmo assim, trata-se de uma tarefa desafiadora.