O fenômeno do jogo denominado Baleia Azul, que prevê mutilações e até suicídio, traz à cena uma discussão infindável em torno do comportamento dos jovens. Depressão, solidão, dificuldades de conviver com frustrações, ausência de diálogo com pais e educadores são fenômenos da vida moderna e cá entre nós, nem tão recente.
A educação dos filhos é um desafio assustador, infindável. Não importa se os herdeiros já são adultos. A preocupação com o seu bem-estar é interminável. Afinal, é sangue do nosso sangue, centro das atenções eternas. E de nada adianta comparar a educação que “na minha época era assim ou assado”.
Afirmar que o diálogo é fundamental constitui redundância. Mas na prática trata-se de um exercício de difícil execução, principalmente no período da adolescência. O esforço dos pais muitas vezes esbarra na acusação dos filhos de que “eles estão se metendo na minha vida”.
É óbvio que o entendimento entre pessoas de idades e experiências tão diferentes gera conflitos. Não se pode, no entanto, desistir na primeira discussão entre pais e filhos.
Investir em paciência, diálogo e tolerância é uma rotina estressante
No fundo, os adolescentes querem limites, sentem-se lisonjeados como alvo de nossas preocupações. Mas não admitem porque consideram um sinal de fraqueza ser “paparicado”. A onipotência é típica da juventude, onde pensam que nada de ruim vai acontecer, que nada os atinge.
Encontrar o tom certo para abordar os filhos jovens é a pedra de toque do relacionamento familiar. Exige disciplina para persistir em algumas práticas, impõe saber ouvir tanto quanto falar e prescinde de pedir desculpas quando necessário. Pedir desculpas a um filho é sinal de respeito.
É doloroso constatar a omissão de tantos pais no processo de formação dos filhos. Minha falecida mãe, dona Gerti, costumava dizer:
– Tem cursinho para casar, ser padrinho de casamento e de batizado, crisma, para dirigir carro… Só não existe curso para ter e criar filhos.
Ela estava certa. A facilidade com que se formam proles enormes, com ênfase nas classes mais desfavorecidas, cria uma legião de jovens que vagam pela vida para aprender da maneira mais sofrida os segredos da sobrevivência.
Investir em paciência, diálogo e tolerância é uma rotina estressante, mas cujos resultados são altamente compensadores. Vale a pena. Sempre!