Cada gesto, cada palavra solta tem um destino certo. Não existe o acaso, ou o azar por isso e aquilo. Existe o resultado da obra criada a partir de sua maneira de ser. E por isso, estou aqui, a escrever por acreditar que o faço com alguma virtude e não me animo a pintar um quadro, por ter certeza de que nunca distinguiria arte entre os borrões que certamente deixaria. Mas aí vocês podem retrucar que estou lançando palavras negativas e que certamente, bloquearão meus esforços em trabalhar a veia entupida das artes plásticas.
Somos assim mesmo, contraditórios. E por isso mesmo, o maior desafio é buscar as sentenças que nós mesmos nos impusemos – essas ditas em horas ruins, ou de tristeza – e sair em busca da recuperação possível. É como faxinar a casa, o pó sempre volta, ronda o caminho da vassoura para sentar segundos após. Trocar a vassoura não irá resolver, mas buscar um novo método, quem sabe? Se você não tentou, não descobrirá alternativa nenhuma.
Por exemplo, as relações afetivas, ou as de trabalho que te consomem, para o bem e o mal, podem ser resolvidas antes de um desfecho radical. É preferível demitir a intolerância, ou a falta de amor próprio, sempre dona de palavras pejorativas, do tipo “é isso que você merece!”. Ora, ora, todos sabemos que sempre teremos o que escolhemos. Sejamos ou não merecedores.
“Mas eu não decidi por mim” Verdade? Depois de crescidos somos responsáveis por nossas decisões e caminhos tomados. Não me venham com tropeços assinados por terceiros, pois as cicatrizes nunca ficam em quem acusamos, mas em nós mesmos.
Dias desses, meu amigo e colega – o Nico Jasper – ensaboou-me de comentários que ainda reflito se eram elogiosos ou não. Credito parte de tudo aquilo à sua criativa imaginação e, como meu índice absoluto de paranoia está controlado, levei tudo para o lado positivo. Elogio sempre é bom. No caso, aproveitei alguns leitores do “Em Outras Palavras” que, com certeza, deram um rápido olhar neste meu espaço para saber quem era esse “Ari”.
Elogios ou críticas são importantes, desde que saibamos classifica-las nas pastas corretas. Lembrem o que escrevi lá em cima. As palavras não voltam, as atitudes que tomamos permanecem e tudo estará bem se soubermos evitar a soberba ou a depressão, que leva críticas negativas como sentença de morte, ou elogios como consolo.
Então, neste final de semana, nos próximos dias, cuidado com o que jogamos ao já conturbado ambiente em que vivemos. Sejamos realistas, sinceros, mas nunca grosseiros. Guerreiros, sim, mas sempre com as armas adequadas a cada luta.
Inimigos não eliminamos, simplesmente administramos. Especialmente quando o oponente habita em nossa personalidade. Estará lá sempre, mas o caráter deste complicado habitante íntimo, nós é que definimos.