Puxar o freio de mão, refletir, fazer um balanço da vida, buscar alternativas para consertar o que não funciona a contento. Este tem sido um exercício quase diário em busca de qualidade de vida, sobrevivência e estímulo para melhorar o astral que anda no nível do tornozelo.
As agruras da rotina sugam minha energia. Faz do desânimo um parceiro indesejado, porém onipresente. Isso impede que aproveite os bons momentos. Fico o tempo todo com aquele pensamento martelando na cabeça.
– Ok, está muito bem por enquanto… mas logo em seguida os problemas de sempre estarão de volta e tudo vai mudar!
A maturidade deveria remeter à tranquilidade. Mas, como escrevi… “deveria” porque nem sempre isso acontece. Confesso que aos 30 anos de idade me via aposentado, gozando dos prazeres à beira mar – entre dezembro e março -, longe dos compromissos de trabalho e a pressão de horário. E com disponibilidade para desbravar roteiros turísticos uma ou duas vezes por ano.
Quase sessentão me vejo refém do dia a dia absorvente que cobra produtividade e competência para competir com novas tecnologias. Diuturnamente luto por espaço no mercado com jovens profissionais cheios de alento. Convivo com defeitos que ao longo de toda a minha vida relativizei, mas que agora cobram um preço elevado.
Inúmeras vezes sou assaltado pela ideia de mudar completamente de vida
Estou muito distante do ócio remunerado, da folga por opção ou como compensação por mais de 40 anos de dedicação ao jornalismo. Pelo contrário. O funil parece apertar a cada semana. As despesas aumentam, os ganhos emagrecem e as perspectivas deixaram de ter as cores do arco íris. O “cinza e preto” espreitam no canto da sala, prontos para o bote na mínima hesitação.
Em plena sexta-feira peço sinceras desculpas pela onda deprê desta crônica, mas costumo compartilhar meus sentimentos com vocês, prezados leitores, que há tanto tempo tem tido paciência comigo. Para a crítica de alguns, gosto de desfilar aqui minhas sensações. Sei que muita gente passa por momentos difíceis, é normal. E ler experiências semelhantes ajuda a minimizar as agruras.
Inúmeras vezes sou assaltado pela ideia de mudar radicalmente de vida. Sair da cidade grande, cortar despesas para fazer algo mais parecido com aquilo que realmente me dê prazer, rever amigos distantes. Estas coisas ditas piegas que fazem a vida valer a pena.
Não é raro ter estas fagulhas iluminando minha cabeça, mas levar isso à ação é difícil. Talvez ali adiante, quando os projetos amadureceram poderei, enfim, voltar ao otimismo, energia e alto astral que procuro imprimir à rotina. Baita final de semana, amigos leitores!