Um fato no mínimo curioso chamou a atenção da família Backendorf, que reside na área urbana de Travesseiro. Em um vaso de flor na sacada do quarto, no segundo piso, uma coruja colocou dois ovos de coloração branca que mais tarde deram vida a dois filhotes também brancos.
Fabiano conta que a ave primeiramente teve o cuidado de organizar o futuro ninho, cavando a terra do vaso para acomodar os ovos que foram postos posteriormente. Sem saber do que se tratava, a família encontrava sinais de escavação dentro do vaso e terra espalhada nas proximidades. Mas depois de algum tempo perceberam a presença da coruja que já instalada chocava seus ovos.
O animal chamava a atenção pela mansidão. Sequer saía do ninho ao perceber a presença das pessoas. Com o passar do tempo e já com filhotes, a ave parecia ficar ainda mais mansa e deixava-se tocar e até ser pega na mão por integrantes da família. Fabiano conta que para alimentar os filhotes os pais traziam pequenos roedores e até aves de pequeno porte a exemplo de passarinhos. Para complementar a dieta, Fabiano os alimentava com ovo cozido, iguaria que pareciam gostar muito. “No ninho percebemos que tinha restos de ratos e pernas de passarinhos, partes que eram rejeitadas pelas corujinhas”, lembra.
Conforme o professor Hamilton Cesar Zanardi Grillo, do curso de Biologia da Univates, trata-se de uma Otus choliba, conhecida popularmente como corujinha do mato. Ela é encontrada em todo o Brasil e alimenta-se principalmente de insetos e ocasionalmente de pequenos roedores. Na natureza faz ninho em ocos de árvores e cavidades em rochas.
Características
O animal possui 20-24 cm de comprimento e peso entre 96 e 160 gramas. Nesta espécie destacam-se os dois tufos de penas no alto da cabeça, íris amarela, face cinza contornada com preto; peito cinza estriado e finas listras transversais; dorso cinza amarronzado com machas escuras. Há também indivíduos com plumagem marrom avermelhada ao invés de cinza. O juvenil é mais claro e não apresenta os tufos de penas no alto da cabeça.
Caça principalmente insetos como gafanhotos e mariposas. Em ambientes urbanos fica próxima a postes de iluminação para capturar insetos atraídos pela luz. Pequenos vertebrados como camundongos e rãs são menos frequentes em sua dieta.
Na natureza, nidifica em ninhos abandonados, cavidades e ocos de árvores. No Norte do Brasil se reproduz nos períodos de janeiro a julho, já no Sul e Sudeste seu período de reprodução é nos meses de setembro a outubro. Os ovos são incubados pela fêmea durante 26 dias. Neste período o macho é responsável pela alimentação da fêmea e posteriormente de toda a família. No período reprodutivo, ambos os sexos vocalizam ativamente.