No final de semana estive em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste. É uma cidade separada por uma praça da cidade uruguaia vizinha de Rivera. Antes do dólar enlouquecer costumava viajar cinco ou seis vezes por ano com minha família.
O clima de perfeita harmonia entre as duas comunidades é único. É difícil identificar quem mora de que lado da fronteira, tamanha a integração. O idioma – um dialeto personalíssimo do famoso “portunhol” – é de fácil compreensão. Em pouco tempo costuma-se adotar alguns hábitos de linguagem. Um exemplo é dizer “merece” quando alguém diz “obrigado”, o que incorporei no meu dia a dia.
Deixei de comparecer à Boate Garagem no sábado por pressão da minha filha Laura. Cometi a asneira de mostrar a ela um anúncio do ChoriCéva, evento que se realiza na Praça General Flores da Cunha, conhecida como Praça dos Cachorros.
O evento reúne pequenos comerciantes de alimentos, principalmente o choripan, pão francês – vulgo cacetinho – com salsicha/linguiça que pode levar uma fatia de queijo derretido e bacon, entre outros ingredientes opcionais. Outra atração foi a cerveja artesanal, uma “febre” que reúne centenas de produtores que fabricam a sagrada bebida germânica em pequenas quantidades e que já tomou conta do Estado.
Arroio do Meio carece de uma festa para divulgar a nossa cidade e movimentar a economia local
Voltando ao sábado, a noite estava agradável, entre 18/19°C, sem vento. A praça estava lotada e havia dois guichês para a venda de tíquetes de comida e bebida. Um usava reais, outro pesos uruguaios. Chamou a atenção também a quantidade de famílias inteiras, com crianças pequenas e de colo, sem qualquer incidente ou discussões, apesar do consumo de bebida alcoólica.
Duas bandas se revezaram no palco. Uma tocou rock nacional e internacional. A outra esbanjou categoria na execução de chorinho e sambas de raiz. Cito o passeio do fim de semana para demonstrar como é possível organizar eventos simples, sem requintes de estética ou luxos desnecessários que resultem em altos investimento. No ChoriCéva não havia iluminação especial ou barracas de material sofisticado. Era tudo simples, confeccionado com material encontrado em qualquer residência.
Conversando com moradores santanenses soube que vários grupos vindos de cidades vizinhas se fizeram presentes à festa que movimentou a economia de Livramento. Arroio do Meio carece de uma festa para projetar o nome do município, movimentar o comércio e indústria. Com a extinção da Gincana do The Horse, que atraía milhares de visitantes, formou-se uma lacuna nas festividades populares.