Confesso que fiquei orgulhoso ao ler a notícia, de página quase inteira no Jornal do Comércio de Porto Alegre, da conclusão das obras de reforma da Rua Coberta. É um espaço nobre, de grande utilidade que resultou da inspiração de alguém.
Admito que não sei quem idealizou o projeto, ou seja, quem teve a iluminação de bolar o local que sedia inúmeros eventos. Sua existência é garantia para sediar iniciativas sem depender dos humores de São Pedro.
Conceber, manter e cuidar é uma das atribuições do poder público, mas depende – sempre! – da participação da comunidade. Os usuários devem evitar e denunciar depredações e manter a vigilância diante dos vândalos que insistem em destruir, sujar e deixar a marca de sua ignorância.
O capricho de uma cidade chama a atenção dos visitantes. Minha profissão de jornalista permitiu conhecer um grande número de municípios gaúchos. Das 497 cidades do Rio Grande do Sul conheço cerca de 350. Em todos os lugares, o capricho, a limpeza, o lixo acondicionado corretamente, os monumentos sem pichação e as placas de sinalização intactas arrancam elogios de quem visita pela primeira vez a comunidade. Esta é a lembrança que fica.
O trevo, a praça, a Rua Coberta e a Área de Lazer são cartões postais de Arroio do Meio
A preservação dos espaços públicos é uma tarefa árdua. Exige dedicação integral associada a um trabalho conjunto com escolas, clubes de serviço, entidades de moradores e representantes da comunidade, como a Câmara de Vereadores. Isso também facilita receber críticas e sugestões, fundamentais para se antecipar aos problemas ou evitar o agravamento de situações que geram desconforto e prejuízos à municipalidade.
“O que é de todos, na verdade, é de ninguém”, diz um ditado para comprovar porque os logradouros públicos quase sempre estão vandalizados. Não tendo dono é fácil quebrar, sujar ou depredar, mas os responsáveis esquecem que as reformas são bancadas com recursos públicos, oriundos de nossos impostos e taxas, cobrados religiosamente pela prefeitura.
Neste contexto a família desempenha papel fundamental. É comum ouvir-se críticas aos órgãos públicos que não cumprem suas funções, mas estas mesmas pessoas esquecem de ensinar seus filhos a zelar pelo que é de todos. No ambiente escolar isto fica ainda mais evidente. É raro se encontrar estabelecimentos mantidos “no capricho”. Se vê paredes sujas, lâmpadas quebradas, cabos furtados, banheiros quebrados.
A Rua Coberta é motivo de orgulho que carece de zelo. Desde o trevo nota-se que é uma comunidade comprometida não apenas para arrancar elogios, mas para tornar a nossa cidade um lugar melhor e mais aprazível de viver.