A Multisom, uma das maiores redes de lojas que comercializa DVDs, vinis, eletroeletrônicos e instrumentos musicais do Estado, anunciou esta semana que deixará de vender CDs. Francisco Novelletto, presidente do conglomerado, revelou que a venda destes disquinhos já representou 100% do lucro, mas hoje mal chega a 1%.
Os novos tempos já engoliram os discos de vinil – LPs e compactos simples/duplo -, além da histórica fita K7 que embalaram milhares de adolescentes arroio-meenses em reunião dançantes de garagem. Depois foi a vez das fitas de vídeo VHS, substituídas pelo DVD.
O que mais virá?
As mudanças representam enorme desafio para “dinossauros” como eu que, aos 58 anos, patinam para se manter atualizados. Meu socorro são os filhos – de 22 e 24 anos –sempre sintonizados com as novidades, mas que já reclamam que a tecnologia cobra atualização constante.
Os sessentões usufruem dos confortos tecnológicos, mas aderem às novidades aos poucos. É difícil encontrar alguém que seja paciente para ensinar. Meus filhos – por exemplo – fazem tudo rapidamente porque são hábitos incorporados à rotina. Eles não entendem que eu, “jovem há bem mais tempo”, não tenho agilidade mental suficiente para acompanhar as diversas etapas do processo. Por mais simples que pareça para eles.
Levar estojos lotados de CDs em longas viagens era uma atração à parte
Meu sogro, de 88 anos, que mora comigo, ao acordar envia whatsapp para toda família, individualmente. “Bom dia, estou bem!”, escreve por volta das 8h. À noite, antes de deitar, recomenda: “Boa noite, durma bem!”. Ele adora receber vídeos que comenta e passa adiante. Ele também gosta de enviar piadas, tirar sarro dos familiares.
O fim do CD é triste. Colecionei centenas destes disquinhos junto a discos de vinil e fitas K7 que chamaram a atenção dos meus filhos que não conheciam esta engenhoca usada em gravadores. Quando era novidade, ouvir CDs no carro era uma aventura. A trepidação causada pelo pavimento de ruas e estradas impedia ouvir uma música sem pulos ou falhas. Aos poucos, com os avanços tecnológicos do tipo gel, foi possível curtir um som puro, sem interrupções.
Levar estojos lotados de CDs em longas viagens era uma atração à parte. Lembro de jornadas rumo a Santana do Livramento. Mais de seis horas de estrada rumo à fronteira eram marcadas pela disputa dos passageiros para impor seu gosto musical.
Certa feita, voltando da praia, meus filhos se engalfinharam numa luta furiosa pela seleção das músicas. Laura queria ouvir as músicas da novela Chiquititas, mas Henrique queria ouvir o CD com gols do Inter (no tempo que o Colorado marcava gols em profusão!). Fui obrigado a intervir. Por imposição do motorista, a trilha sonora que rodou pela freeway foi gaudéria com grandes sucessos dos festivais nativistas.
Bons tempos que mudam radicalmente a cada hora.
Ou seria a cada minuto, heim?