Não sei como é na casa de você, prezados leitor e leitora. Mas lá em casa o frio transforma o lar doce lar em acampamento de inverno. Levanto todos os dias às 6h. Depois do banho é hora de cevar o chimas, buscar os jornais e mergulhar no noticiário ao som do radinho de pilha.
Com caneta e bloco anoto as tarefas do dia: sugestões de temas para crônicas e posts, horário de compromissos e aniversários que merecem uma ligação telefônica ou um carinho especial. Mas até montar o que denomino “ninho da comunicação” gasto algum tempo. É preciso paciência para realocar cobertores, travesseiros, edredons, cuia e garrafa térmica, xícaras de chá e limpar os farelos das guloseimas consumidas.
O hábito de sentar no sofá com pés “cobertos por um cobertorzinho” é um hábito arraigado. A exceção sou eu. Ao chegar em casa no final do dia corro para o chuveiro quente e me agasalho. Pijama? Jamais! É uma indumentária que uso apenas para dormir. Como estou à beira da aposentadoria pode soar como uniforme.
Como tudo há o lado bom. Conto com três excelentes “chefs” de cozinha: meus filhos e minha mulher. Eles se esmeram nos pratos para o jantar que vai dos hambúrgueres caseiros a sopões, lasanhas de frango, massas a carbonara e aos quatro queijos, entre outras especialidades.
Aos poucos os aromas envolvem toda a casa, gerando expectativa
As tardes de domingo constituem atentado à dieta, alimentação saudável, controle de peso. O sagrado churrasco é servido por volta das 15h30min/16h, seguido de um generoso pote de sorvete ou chocolate. Ou ambos.
Dona Cármen costuma sestear para driblar o nervosismo dos jogos do Inter, o time do coração. Ao despertar, quando o Faustão já está fazendo demagogia, ela se tranca na cozinha. Aos poucos os aromas emanados do forno envolvem a casa, gerando expectativa: afinal, o que inventou desta vez?
Uma hora depois ela sobe a escada de bandeja em punho: café (passado ou espresso), chocolate quente (cuja fórmula é mantida a sete chaves!), bolo (de chocolate, banana e integral) são os campeões do cardápio “engordante”. Lá por volta das 20h30min sempre ouve-se alguma voz no meio do burburinho:
– E aí, o que teremos para jantar!
Quase sempre é a minha vez de ir à cozinha preparar torradas com pão francês – o cacetinho – com três fatias de queijo prato e quatro rodelas de salamito picado em cada uma.
Confesso que nem sempre é fácil adormecer. Como explicou uma nutricionista que entrevistei “o organismo é um forno que necessita de combustível para funcionar” e lá em casa consumimos “muita lenha”…