A questão ética adquiriu uma dimensão que ofusca outros requisitos primordiais exigidos de um bom candidato. Seja para a eleição proporcional ou majoritária. Os impactos da Operação Lava-Jato é um dos mais transcendentais fenômenos político-sociais do país. Ultrapassa o debate partidário, envereda pelas lides morais e deságua num debate que abarcou o Brasil.
É óbvio dizer-se que ética é exigência básica não apenas para os detentores de mandato ou cargos públicos. É pré-requisito para a convivência social, em casa, no trabalho, na escola. Mas para dirigir um município, um Estado, o país, ou para legislar e fiscalizar é preciso bem mais.
A experiência administrativa ou política é importante ingrediente na receita de eleger representantes para dar um basta à crise – econômica, política e moral. Nos pequenos municípios as autoridades estão mais próximas do cidadão. A fiscalização é mais fácil, mas por vezes falta interesse para vigiar os passos dos que nos representam.
O eleitor precisa buscar informações sobre quem são os candidatos. Isso é facilitado pelo simples acesso à “ficha corrida”. A internet, rica em radicalismos, agressões e baixarias, deve ser empregada com inteligência, rigor e critério para conhecer os personagens do pleito.
A cada quatro anos podemos confirmar ou cassar a procuração que passamos no pleito
Além de ética e experiência é preciso comparar a prática e a teoria que pregam os pretendentes aos cargos eletivos. Muitos pregam qualidades que não ostentam na rotina de trabalho ou atividade social, como na direção de clubes ou entidades.
Amigos são fundamentais, mas não se pode misturar parceria com a concessão de uma procuração que todos nós passaremos na eleição de outubro. A vida pregressa é, sim, requisito fundamental para as escolhas. A biografia do candidato mostra quem ele é, concretamente. Folhetos, discursos e postagens podem ser construídas por marqueteiros ou comunicadores contratados. Vasculhar a trajetória dos candidatos é vital.
O Vale do Taquari possui inúmeros candidatos vocacionados. É celeiro de políticos que orgulham através de histórias edificantes que renderam obras e melhorias para nossos municípios. Uma reflexão cuidadosa na hora de confirmar o número/nome na urna eletrônica é escolher o futuro da região.
Ética é imprescindível, mas não é o único requisito para orientar o nosso voto. Precisamos exigir mais, cobrar, fiscalizar e nesta eleição dar um basta à corrupção que permeia o comportamento de muitos agentes públicos. A cada quatro anos temos a chance – e o privilégio – de eleger novos representantes ou cassar a procuração que concedemos através do voto.