O melhor investimento que fiz neste inverno foi um guarda-chuva. Os motivos são óbvios. O choro e o ranger de dentes que se ouve nas mais variadas filas é o argumento mais eloquente. A previsão é de dias ensolarados aqui na Província de São Pedro… depois de semanas de repetido mau tempo.
O guarda-chuva que carrego não é um guarda-chuvas qualquer. Cultivei o hábito de comprar um equipamento barato. Em dias de chuva, quando desço da lotação que uso para chegar ao centro de Porto Alegre, onde trabalho, um senhor de uns 70 anos anuncia seu produto brandinho um enorme “parágua” preto, além de sombrinhas coloridas.
Por duas vezes fui surpreendido pela intempérie, o que me obrigou a comprar guarda-chuvas de 15 reais. Como esperado bastou algo um pouco que uma brisa para transformar a proteção num emaranhado de varetas e pano rasgado.
Cansado de jogar o produto no lixo fui à Galeria 7 de Setembro, no coração do centro histórico de Porto Alegre. Me enchi de coragem e entrei numa loja que exibia vistosos guarda-chuvas. Depois de uma rápida exposição sobre as vantagens de cada um, optei por um modelito preto, sóbrio, ao custo de 70 reais.
Uso meus guarda-chuvas baratos para emprestar aos colegas
Calma! Sei que os leitores ficarão estarrecidos com a quantia dispendida, mas depois de um rápido cálculo me convencei que ia economizar e acabar com os aborrecimentos. O dito cujo é confeccionado com material usado na montagem de velas de barcos, além de um tecido resistente e ser muito leve.
O meu guarda-chuvas também “vira ao contrário” em dias de vento forte, como seus “irmãos mais baratos”. Mas ao contrário dos similares, suas varetas não são rompidas, entortadas ou mutiladas pela fúria do vento. Basta desvirar a estrutura que o equipamento volta ao normal, sem deixar sinais de acidente, com tecido impecável.
O desafio agora é vigiar o “chapéu de chuva”, sinônimo que encontrei no pai de todos – o google – para definir minha luxuosa aquisição. Cometi a inconfidência de comentar minha aquisição e tecer loas sobre suas qualidades. Foi o suficiente para despertar olhares cúpidos em direção ao canto onde “estaciono” meu apetrecho de inverno. Permanece junto às aquisições de baixo custo que empresto para colegas de trabalho.
Aqui, onde o inverno deixa rastros através de deslizamentos, enchentes, proliferação de buracos em rodovias, ruas e avenidas, além de gripes e outras moléstias, estou preparado. Mas confesso a vocês: sou um ex-fã da atual estação. A idade, com certeza, ajudou muito nesta mudança de opinião…