Incentivado pelas filhas, o transportador de maravalha e casca de arroz Guido Storck, 62 anos, há três anos tem se dedicado ao cultivo de pepinos em sua propriedade em Picada Vinagre, Travesseiro. Com mais de 35 anos de atuação nas estradas, Guido, encontrou no segmento de hortifrutigranjeiros uma forma de trabalhar sem o estresse, pressão por horários, altos custos de manutenção e riscos no trânsito cada vez mais conturbado.
Seus caminhões hoje são conduzidos por funcionários. Ele apenas gerencia e faz viagens esporádicas para ficar mais em casa. “Não escolhi folhosas porque são mais sensíveis e murcham rapidamente, o que exigiria compromissos logísticos praticamente diários. O pepino tem durabilidade maior, é mais fácil de lidar e permite uma agenda mais flexível”, explica.
Recentemente, Storck investiu numa estufa de 600 metros quadrados. O investimento estrutural foi de R$ 30 mil feito com recursos próprios. Além disso, o custo por safra envolvendo 5,2 mil mudas da variedade amour, insumos e produtos para manejo gira em torno de R$ 12 mil. As plantas começam a produzir pepinos após um mês e a colheita dura em torno de 105 dias. “Numa safra boa é possível colher em média 3,5 kg por pé. A produção sem herbicidas é vendida a agroindústrias de conservas. A cotação gira entre R$ 3 e R$ 4 por quilo”, revela.
Para a mão de obra Guido tem o apoio da esposa Jurema Inês e do colaborador Vico da Silva, que ajudou a construir a estrutura. “Sempre temos serviço. A dedicação é diária e não só com a colheita. Também é preciso amarrar as ramas, realizar podas, trocar e cuidar da abertura e fechamento das lonas, além de adotar práticas de higiene e sanitárias. Prestar atenção no comportamento do tempo. Temos o compromisso diário de zelar pelo cultivo e estrutura. Por isso é complicado viajar ou passear nos fins de semana”, argumenta.
O grande destaque estrutural são as canaletas suspensas na base dos pés de pepino. Funcionam como barreira e ajudam a controlar doenças e pragas. Outro destaque vai para o reforço com aço na parte superior, que ameniza o impacto do vento, uma vez que o custo da substituição de uma lona é de R$ 7 mil, e dificilmente pode ser consertada em danos pontuais, pois os rasgos aumentam.
Storck está feliz com o rumo de sua nova dedicação. “Para mim é uma ocupação. Não preciso me estressar com o mercado. Apenas me focar no trabalho. O fato de não estarmos com a estrutura e a produção amarrada em financiamento permite um desapego à necessidade por resultados. O lucro passa a ser uma consequência, uma sincronia dos fatores climáticos e empenho”, conclui.