A Delegacia de Polícia de Arroio do Meio trabalha com metade do efetivo ideal, que é de quatro policiais. Nesse mês um dos servidores está de férias, o que piora ainda mais a situação. Dessa forma o trabalho de investigações fica em segundo plano, uma vez que o único investigador precisa, entre outras atribuições, confeccionar boletins de ocorrência da população que se dirige até a delegacia em busca de atendimento. “A investigação é o objetivo principal da Polícia Civil, porém a prioridade é o registro de boletins de ocorrência, o que toma muito tempo. Estar na rua nesse momento é extremamente difícil. Tem dias que o inspetor não consegue ficar 10 minutos em sua sala produzindo”, confessa o delegado da Delegacia de Polícia de Arroio do Meio, Juliano Stobbe.
Os 400 inquéritos se acumulam sobre as mesas dos dois servidores, alguns há aproximadamente dois anos, outros por menor tempo. Juliano explica que o prazo legal para a conclusão de inquérito de réu solto é 30 dias, podendo ser prorrogado por várias vezes pelo Ministério Público ou pelo Judiciário. “O código não traz um prazo específico. Entretanto, sabendo da falta de efetivo da Polícia Civil, os inquéritos são renovados automaticamente pelo Judiciário e pelo Ministério Público”, explica.
Já no que tange aos inquéritos de réu preso, o prazo para conclusão é de dez dias, não podendo ser prorrogável. Porém, existem algumas exceções a exemplo do crime de tráfico de drogas, onde a legislação prevê a conclusão do inquérito em 30 dias podendo ser prorrogado por mais 30. “Damos prioridade para aqueles de violência ou grave ameaça como homicídio, roubo e latrocínio”, explica o delegado.
O número de boletins de ocorrência e inquéritos instaurados nos últimos anos cresceu na mesma proporção que a criminalidade, enquanto que o quadro de servidores da delegacia continua o mesmo há vários anos. Stobbe atribui o crescimento de crimes relacionados ao tráfico de drogas, os quais têm ligação direta com vários outros, como principal causa para o aumento da criminalidade no município.
Lembra ainda que em Arroio do Meio existem duas facções ramificadas, as quais são originárias da Região Metropolitana e aliciam traficantes do município que optam por uma ou outra. “Esses traficantes da Região Metropolitana arregimentam pessoas que já estão no tráfico, as quais optam por uma ou outra facção”, declara.
Defasagem de 40%
A exemplo da Polícia Civil, a Brigada Militar também possui uma defasagem em seu quadro de pessoal de cerca de 40%. Servidores em curso, férias, gestantes e afastados das atividades por problemas de saúde engrossam a defasagem. O capitão Ricardo Machado da Silva ressalta que diferente de outras instituições, a Brigada Militar dilui seu efetivo nas 24h do dia. O presídio de Arroio do Meio também necessita de um brigadiano que realiza a guarda externa diminuindo ainda mais o efetivo. “Nossa esperança é o curso de formação de soldados que já está começando em Lajeado. Esperamos que ao se formarem, alguns servidores venham para Arroio do Meio”, enfatiza.