Pelo menos quatro cemitérios da região foram alvos de furto nos últimos dois meses. Os objetos furtados são argolas, crucifixos, letreiros, anjos e até molduras de fotos em metal, constituídas em latão cromado que tem alto valor de mercado, e por isso, têm sido alvo dos criminosos.
O último caso ocorreu no Cemitério Católico de Bela Vista, Arroio do Meio, onde criminosos furtaram entre a noite de quarta-feira, 31 e madrugada de quinta-feira, dia 1º, argolas e crucifixos de aproximadamente 200 túmulos, deixando familiares indignados. Nem mesmo as capelas afixadas na cabeceira de algumas lápides foram poupadas. Algumas foram abertas para a retirada dos objetos que, a exemplo dos crucifixos, custam em marmorarias da região entre R$ 100 e R$ 200.
Uma limpeza no túmulo do pai Arno Kortz foi realizada na tarde do feriado de quarta-feira por Mafalda Fröhlich que incluiu a higienização e a troca de flores antigas por novas. A surpresa veio na quinta-feira pela manhã quando retornou para concluir alguns detalhes e deu por falta do crucifixo afixado na cabeceira da lápide. “Isso é um desrespeito para com os que já se foram. Furtaram também objetos do túmulo do meu tio Hari Kortz”.
Da mesma forma, a faxineira Francisca Pedrotti ficou surpresa ao receber a ligação da cunhada dando a notícia de que o crucifixo da lápide do túmulo do pai havia sido furtado. “Cheguei aqui e me deparei com essa situação. É muito triste”, desabafou.
Investigação
A principal linha de investigação do delegado Juliano Stobbe, da Delegacia de Arroio do Meio, é que o furto tenha sido praticado por pessoas especializadas nesse tipo de crime. Pela quantidade de argolas e crucifixos furtados, acredita-se que um veículo tenha sido usado no transporte. Lembra que furtos semelhantes ocorreram há alguns meses em cemitérios de Santa Clara, Lajeado e Encantado, cujos criminosos procedentes de Viamão, região Metropolitana, especializados nesse tipo de crime, foram presos.
Imagens de câmeras instaladas em casas comerciais próximas foram solicitadas pela Polícia Civil com objetivo de esclarecer o crime. Porém, conforme a investigação, grande parte delas está direcionada para a rua e não para a entrada do cemitério, o que impossibilita ver qualquer movimentação anormal.
Stobbe pede para que a comunidade auxilie nas investigações, denunciando anonimamente movimentação suspeita que possa levar a elucidação do crime. Nesse sentido, disponibiliza o telefone na Delegacia de Polícia de Arroio do Meio 3716- 1264. “Esse material é nobre e possui valor considerável, por isso ocorre o furto”, declara.
Marques de Souza
O cemitério localizado ao lado da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em Marques de Souza, também foi alvo de ladrões, há aproximadamente dois meses. Os ladrões furtaram crucifixos, argolas, letreiros e nem mesmo as fotos que possuem a moldura em metal foram poupadas. A suspeita da comunidade é de que uma quadrilha especializada nesse tipo de crime tenha praticado os furtos. Conforme a tesoureira da Comunidade Evangélica, Elisete Kich, aproximadamente 50 túmulos foram furtados.
Com objetivo de evitar novos ataques, Elisete revela que algumas famílias substituíram o latão cromado, material de custo elevado pela porcelana que é mais em conta. “Da sepultura do meu pai levaram o crucifixo. Fui avisada pelo zelador que o túmulo havia sido alvo de ladrões. É muito triste. Dói. Não deixam em paz nem mesmo os mortos que estão descansando”, lamenta.
Pouso Novo
Não foi diferente no Cemitério Católico de Picada Taquari, em Pouso Novo, onde ladrões furtaram, em 13 de agosto, argolas, letreiros, crucifixos e anjos. Conforme o presidente do cemitério que compareceu à Delegacia de Polícia de Pouso Novo para registrar o Boletim de Ocorrência, Jair Passaia, houve furto em 90% dos túmulos. A Polícia Civil se limitou a dizer que as investigações estão avançadas. Porém, não deu maiores detalhes sobre o caso.
Capitão
Conforme o secretário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Capitão, Elmiro Fiegenbaum, há comentários de que flores de diversos túmulos e o crucifixo de outro haviam sido furtados do cemitério que fica no centro da cidade. Porém, ressalta que nenhuma reclamação chegou à secretaria da Paróquia. Lembra que há sete anos, crucifixos de sete túmulos foram furtados, crime que conforme ele, não foi esclarecido pela Polícia Civil.
Travesseiro
Travesseiro foi o único município de abrangência do AT em que não foi registrado furtos em cemitério neste ano.