Meu grande amigo de muitas décadas, o queridão Itamar Bergamaschi, me ligou na segunda-feira. Pouco antes eu havia mandado um whatsapp com uma piada, coisa leve, despretensiosa. Bem-humorado como sempre fez uma pergunta à queima-roupa.
– Ô Nico… é impressão minha ou ultimamente tem havido poucos bailes e jantares dançantes, daqueles em que a gente sua o topete de tanto dançar, dar risadas e tomar muita cerveja? – indagou.
Depois de uma breve reflexão constatei que ele tinha razão. O Itamar, e sua querida Heloísa integram um grupo que se encontra periodicamente em bailes no Clube Esportivo e outros locais no Vale do Taquari. Quase todos foram contemporâneos do Colégio São Miguel, futebol de salão e outras cositas dos bons tempos.
Participar destes programas é um deleite para mim. Afinal, retorno à minha cidade natal, revejo amigos de longa data e, de quebra, me divirto com a dona Cármen. Ela, aliás, se entrosa com facilidade com as outras gurias que participam das festanças.
A cada perda de um velho afeto somos assaltados pelo remorso de não ter procurado o amigo em vida
No dia 26 meu filho Henrique, 23 anos, forma-se em Jornalismo. Entre os convidados está o casal Elio e Mara Meneghini. Por whats, pedi a confirmação deles para fins de cálculo de comida, bebida e outros quetais. Na resposta, ele foi preciso:
– Nico! Não temos idade para perder festas e comemorações. Estaremos aí, pode confirmar! – disparou.
Gostei do argumento, parecido com outro, cujo autor não recordo. Com a mesma finalidade, ele retornou minha consulta com a seguinte pérola:
– Estamos numa fase da vida em que é preciso ter encontros para comemorar. Chega de rever os velhos companheiros somente em velório! – sentenciou.
Aos 58 anos, estou aprendendo a acarinhar as minhas recordações. Isso significa abrir mão de ficar refestelado no sofá vendo tevê para tomar um chope ou churrasquear com velhos amigos.
Os filhos crescem, voam para longe do ninho deixam a casa vazia. Desenvolver mecanismos para superar esta ruptura exige muito esforço e disciplina. Os meus filhotes – com 23 e 24 anos – ainda compartilham do mesmo teto, mas é questão de tempo para vê-los distantes.
A cada perda de um velho afeto somos assaltados pelo remorso por não ter procurado o amigo que partiu. Juramos mudar de atitude, mas isso raramente acontece. Com parceiros fiéis, como Enio e Carla Meneghini, João e Bernadete Casotti, Júnior Fleck, Jandir e Lola Scheid, Fernando e Magda Buttini e tantos outros irmãos.
Obrigado pela parceria valiosíssima!