A sucessão de dias que mesclam calor intenso e umidade, com temporais frequentes é típica de verão e causam algum desconforto. Na segunda-feira tive que vir à região para o velório de um familiar. Saí de Porto Alegre por volta das 15h, com os termômetros marcando 36 graus, mormaço intenso. Apesar da pressa foram apenas menos de 10 quilômetros percorridos até parar junto a um restaurante.
A força do vento transformou uma obra de terraplenagem às margens da BR-386 numa tempestade de areia. Lembrei-me dos filmes ambientados em desertos, como uma das sequências de Missão Impossível, onde o mocinho Tom Cruise persegue um bandido com visibilidade quase zero.
Além da areia fui obrigado a parar por causa da força do vento, que sacudia meu HB-20, seguida de uma enxurrada que transformou a viagem num voo cego. Depois de 15 minutos de parada, a chuva diminuiu. A cerca de 40 quilômetros de Lajeado o sol brilhava reluzente, em mais um episódio conhecido como chuva de verão.
A fórmula chuva-sol intensa também é inimiga dos cuidados com o jardim. A grama é uma planta que enfeita qualquer lugar, mas exige cuidados. O clima de calor e umidade acelera o crescimento, exigindo cortes frequentes, um exercício oneroso nestes dias em que a temperatura passa fácil dos 30 graus.
Usar gravata num país tropical é uma sandice, uma convenção que afronta a nossa realidade
Outros, obcecados pelo capricho, enlouquecem nesta época do ano com as vidraças sujas, respingadas pela água das pancadas de chuva. Lembro-me de minha falecida mãe, dona Gerti, ciosa de limpeza, organização e capricho. A pressa em deixar tudo tinindo era tanta que, ao me servir pela segunda vez na hora do almoço, segurava o prato com uma das mãos.
– Não vou largar… senão a senhora leva com comida e tudo, além dos talheres antes que eu termine! – brincava com ela, sempre com pressa para lavar a louça, secar e guardar a louça e trazer as três sobremesas.
A partir de 1º de fevereiro passarei a trabalhar de terno e gravata. Por mais de 20 anos foi uma rotina, mas confesso que estou temeroso diante das loucuras do clima extremo. Pela previsão, será um verão quente com chuvas frequentes, igualzinho aos dias atuais.
Usar gravata num país tropical é sandice. Uma convenção cultivada sem muita noção da realidade. No Rio de Janeiro, os advogados estão dispensados do uso de gravata há alguns anos em ambientes como o Tribunal de Justiça. Decisão inteligente, equalizada com o termômetro, trazendo bem-estar.
Enquanto me preparo para a “sauna com elegância”, obrigatória a partir de fevereiro, abuso do uso de calção, camiseta regata (a antiga “camisa de fisga” ou “de física”) e chinelos de dedo. Quem sabe uma onda de frio invada o Rio Grande… para a fúria dos veranistas!