Desde a chegada das primeiras populações indígenas, até os dias atuais, a argila esteve presente, fazendo parte da construção da história de Arroio do Meio. Bem localizado entre rio e arroios, este território sempre teve fácil acesso à matéria prima, que foi usada pelos povos antigos na confecção de vasilhames e urnas em suas aldeias e, muitos anos depois, deu forma aos tijolos, nas olarias, erguendo a cidade.
Hoje, a argila está presente na Casa do Museu, que traz exposições com as suas formas primitivas de uso e que oferece as oficinas de cerâmica. Essas atividades proporcionam à comunidade a experiência de moldar, criar e se descobrir.
Elisete Schnorr é aposentada, frequenta a oficina de cerâmica desde abril e se encantou com as aulas. “É uma maravilha. Penso que todo mundo deveria fazer, porque é muito bom”, conta. Entre os benefícios da técnica, ela cita a calmaria, o trabalho com delicadeza e o exercício da paciência. “Até descobri dons que não conhecia”, explica a aluna, que além de aprender a fazer vasos, casinhas, placas e ovelhas, fez novas amizades.
As oficinas são uma promoção da Administração Municipal e ocorrem desde 2012. Elas foram criadas após o sucesso do projeto Do Esteco ao Maneco, que durou oito meses e reuniu alunos de oito a 80 anos.
As inscrições ocorrem no início e na metade do ano. O público alvo são os adultos e não há custo, apenas é preciso levar a argila. Atualmente há duas turmas, que têm aulas semanais. Além deste trabalho, são atendidas, ainda, duas turmas do Cras, duas do Hospital São José e uma do Posto de Saúde Central.
As crianças e os adolescentes, participam por meio de atividades temáticas direcionadas.
A argila como terapia
As aulas das oficinas de cerâmica são ministradas pela ceramista, Cláudia Jung, que se define como uma facilitadora, já que o aprendizado com as técnicas e com as trocas de experiências é constante. “A gente sempre tem algo a aprender, à medida que vai conhecendo como o barro te responde. O que me encanta nessa combinação de terra com água, de tão fácil acesso, é essa comunicação. A peça sempre vai retornar aquilo que tu dedicaste a ela”, conta.
Ela explica que nem sempre o resultado final, após ir para o forno, sai como o aluno esperava. Em algumas situações, a peça pode até quebrar. Isso ajuda a exercitar o eu interior, trabalhando as frustrações, o desapego e estimulando os recomeços. “Também exercita a aceitação. Às vezes o resultado não é exatamente o que o aluno queria”, completa.
Filha de oleiros, Cláudia atua com cerâmica há 18 anos. Após um período como funcionária da Corsan, descobriu na cerâmica uma paixão. Ela começou o aprendizado em oficina da Casa de Cultura, de Lajeado e depois se aperfeiçoou fazendo cursos em Porto Alegre. “A cerâmica me deu tanta força, descobri essa forma de expressão. Comecei dando aulas em casa, depois numa sala cedida pelo pastor luterano e logo vieram as oficinas”, lembra. Entre seus trabalhos, destacam-se as ovelhinhas de cerâmica, cuja técnica ela também ensina aos alunos.
Claudia também ministrou cursos nas cidades de Vespasiano Corrêa e Teutônia. “Me sinto plena por estar fazendo cerâmica e estou sempre aprendendo”, finaliza.