Aprovado em junho, o projeto de lei 3.767 que estabelece regras para a exploração do Serviço de Utilidade Pública de Transporte Individual por Automóveis de Aluguel (Táxi) trará novidades para o segmento em Arroio do Meio. A proposta inclui a qualificação dos motoristas, traz especificações e prazos referentes aos veículos, estabelece os direitos e deveres dos profissionais e detalha aspectos relativos ao atendimento e tarifas.
O texto determina, por exemplo, que nenhum veículo com mais de cinco anos de fabricação exerça a atividade e regula as condições nas quais a profissão de taxista poderá ser exercida, apresentando requisitos e trazendo alternativas. Destas, a de mais destaque é a possibilidade de cadastro de até três condutores para cada táxi, sendo um deles o autorizatário e mais dois condutores auxiliares, que estarão sujeitos às mesmas obrigações do titular. Em caso de colisão e/ou impossibilidade de tráfego do veículo, o autorizatário poderá trafegar com veículo reserva, a título precário, pelo período de até 60 dias, desde que o veículo obedeça a uma série de critérios previstos.
Durante o processo de elaboração do projeto, foi realizada reunião com a participação dos profissionais, com o objetivo de ter um feedback e identificar os focos principais. O coordenador da secretaria de Indústria, Comércio e Turismo do município, Carlos Henrique Meneghini, vê as mudanças como um grande avanço, tanto para os taxistas, que recebem um amparo mais amplo, como para o município, que se beneficia com a otimização do serviço. “A ideia é auxiliar o taxista a trabalhar”, justifica. Segundo Meneghini, hoje, Arroio do Meio dispõe de 31 concessões para o serviço.
Capacitação e promoção do turismo
Outra novidade que a lei traz, e que é destacada pelo secretário, é a realização de curso para os taxistas, que deverá abranger comunicação interpessoal ou de relações humanas, direção defensiva e primeiros socorros. A capacitação será feita por meio do Sebrae. Para isso, o município deverá encaminhar um projeto de lei específico, com a destinação de verba de custeio.
A previsão, segundo o coordenador, é de que o projeto seja encaminhado à Câmara até agosto, para que a capacitação possa iniciar a partir de setembro. Se todos os taxistas cadastrarem até três auxiliares, a atividade poderá abranger cerca de 90 profissionais.
De forma inovadora, o município pretende ainda capacitar os taxistas para que atuem como coadjuvantes na promoção do turismo em Arroio do Meio. A ideia é transmitir a eles conhecimento sobre as ações locais, os empreendimentos e roteiros existentes. “Até agora, eles nunca haviam tido essa atenção ou a informação, que é obrigação nossa passar”, completa o coordenador. Ele explica que, com a iniciativa, ao fazer uma corrida com visitantes de outras cidades, ou até mesmo com pessoas do município, o taxista poderá dar sugestões de passeios, de restaurantes e de lugares, colaborando assim com o turismo.
Para Meneghini, o trabalho de união entre segmentos, a exemplo da Feira Gastronômica Sabores de Arroio do Meio, que reúne diversos empreendimentos com um trabalho em conjunto, é uma receita garantida de sucesso. “Essa ideia de aproximação entre os setores de serviços, a Indústria e Comércio atualmente vê com outra percepção. A feira gastronômica foi o precursor. Agora, o intuito é focar no turismo. O objetivo é mostrar que ninguém está caminhando sozinho. São concorrentes que, no futuro, poderão se ver como aliados, vendo o turismo como um negócio”, finaliza.
Com a palavra, os taxistas
Para Heitor Kuhn, que atua como taxista há cinco anos, as mudanças irão facilitar o trabalho dos profissionais. “Ter até três pessoas autorizadas para guiar, para nós é muito bom, porque ninguém aguenta trabalhar 24h”, opina. Ele vê com bons olhos a capacitação e o foco no turismo, acrescentando que os taxistas terão mais alternativas e sugestões para fazer aos passageiros. “Às vezes chegam pessoas de fora e, assim, saberemos onde levá-los”, completa. Sobre a profissão, no geral, ele relata que a questão da segurança é a mais preocupante.
O colega de profissão, José Mário Kunst, dirige táxi há 40 anos em Arroio do Meio. Antes disso, foram outros sete anos em Santa Catarina. Ele diz que a demanda de passageiros que procuram sobre informações de turismo existe e é frequente. Apesar de achar boa a opção de poder ter motoristas auxiliares, Kunst ainda não decidiu se utilizará esse recurso.