Muita gente convive mal com o envelhecimento. A nove meses de completar 60 anos, aprendo todos os dias com experiências, conteúdos obtidos com os filhos e colegas mais jovens. É um eterno aprendizado.
Amadurecer inclui assumir fraquezas, defeitos e limitações por questões físicas ou falta de aptidão. Afinal, ninguém sabe tudo. Até pouco tempo tinha resistência em admitir que nunca aprendi a andar de bicicleta. Não foi por falta de oportunidade porque na minha infância havia uma bike enorme que metia medo.
Outra frustração é a inépcia para cozinhar, embora nunca tenha arriscado sequer um ovo cozido. Confesso que esse detalhe causa constrangimento, afinal, cursei nutrição e dietética do antigo Colégio São Miguel no finado Segundo Grau. As aulas práticas tiveram… digamos “ajudas pontuais” de colegas que se cotizaram diante da minha incompetência culinária.
Apanho todos os dias com esta maldita tecnologia, cuja velocidade de mudanças agrava a limitação, mas até consola este semi-sexagenário. Admito, com certo constrangimento, a gentileza dos novatos à minha volta, a quem incomodo várias vezes ao dia.
– Tu não quer aprender! – respondem a cada pedido de socorro, mas já desisti de rechaçar com argumentos etários.
Enquanto há vida, há esperança
para superar as limitações
É comum ouvir e ler maravilhas sobre as famosas séries da Netflix e do Now – finada Net, agora Claro – que só mudou o nome, porque o péssimo serviço perdura. Evito explorar o controle remoto da nossa tevê de casa – enorme e moderna –, mas não busco novidades. Sempre que tento buscar conteúdos inéditos aperto o botão errado e bloqueio o funcionamento geral.
Na hora de embarcar no aeroporto tenho dificuldade com a parafernália eletrônica dos totens das empresas aéreas para confirmar a viagem, imagine fazer check-in ou reservas pela internet. Estas tarefas costumo delegar aos filhos, que num passe de mágica garantem passagens e estadas seja onde for. Bonito de ver!
Nesta treva de restrições, vez por outra, aparecem algumas vitórias. A mais recente é “chamar o Uber” pelo aplicativo, dar nota ao motorista e, quando for conveniente, registrar uma gorjeta. Outro avanço que rendeu uma latinha de Heineken para comemorar foi o uso do aplicativo do Banrisul, graças à simpatia e paciência de monge de minha gerente de contas Patrícia Hexsel.
É preciso serenidade, afinal, há uma grande facilidade para fazer transferências e depósitos que outrora exigiam uma ida ao banco ou ao caixa eletrônico. Também permite pagar contas depois das 18h, já que a correria por vezes faz esquecer os compromissos bancários.
Paro por aqui. O tema é vasto e permite uma trilogia de crônicas sobre estas pequenas frustrações que podem ser enfrentadas. Afinal, enquanto há vida, há esperança!