Estamos às vésperas de mais um aniversário de Arroio do Meio. Reclamar e fazer críticas se transformou em esporte nacional potencializado pelas redes sociais. Muitas vezes é preciso conhecer outras realidades para valorizar o que temos, sem jamais perder de vista o olhar fiscalizador para buscar melhorias.
Recentemente estive em Brasília, onde meu filho reside desde maio. Apesar do pouco tempo – apenas uma semana – é sempre possível colher algumas impressões. As diferenças, é claro, são gritantes. A começar pelo clima. Lá, foram mais de 100 dias sem um pingo de chuva, fenômeno que aconteceu apenas na semana passada. É uma situação normal. Pela manhã e à noite a temperatura fica em torno de 15°C. À tarde beira os 30°C sem o abafamento gaúcho.
A umidade relativa do ar por lá chegou a bater a mínima de 8%, situação oposta do nosso Rio Grande. Os parques e praças da capital federal – muitos cercados, abrindo às 6h e fechando às 21h – estão coloridos de amarelo pela falta d’água.
Sentado num banco sob uma árvore, mateando, foi inevitável lembrar dos tempos de piá na Bela Vista, à época um bairro ligado ao perímetro urbano por uma estrada de chão batido. No verão, a poeira era insuportável para os pedestres e para aqueles quem moravam nas imediações. Já no inverno o barro tomava conta. Chegar limpo à Escola Luterana São Paulo, onde eu e minha irmã estudávamos, era um desafio. Levávamos na mochila um par de calçados “reserva” para não sujar a sala de aula que, aos sábados era varrida e coberta de cera no capricho.
Desenvolvimento é resultado do
trabalho e do talento de muita gente
Arroio do Meio mudou bastante nos últimos anos. Levado para um passeio pelo interior do município pelo casal amigo, Enio e Carla Meneghini, fiquei surpreso com a quantidade de loteamentos urbanizados, dotados de pavimentação, iluminação e infraestrutura. Outro destaque é o asfaltamento de inúmeras vias.
O crescimento do município, no entanto, precisa ser acompanhado com atenção. Conheço diversas cidades que experimentaram picos que geraram graves problemas com a mobilidade urbana – nome chique para definir o que sempre se chamou de trânsito –, saneamento e emprego. Uma cidade organizada atrai a atenção de pessoas de vários pontos do Estado em busca de oportunidade, de um emprego e da possibilidade de fixar residência numa comunidade organizada. Por isso, os administradores precisam estar atentos para buscar soluções imediatamente, evitando o agravamento das dificuldades.
Ano que vem teremos eleições municipais que acirram os ânimos. Mágoas vêm à tona, rivalidades são revividas, antigos ressentimentos voltam à pauta. É preciso equilíbrio para refletir sobre o melhor para a comunidade. A demonização da política afastou pessoas íntegras que têm sucesso na cena eleitoral. É campo fértil para aventureiros de promessas fáceis, o combustível da campanha eleitoral.
O progresso de um município é consequência do trabalho de muitas mãos, mandatos e do talento coletivo. Disputar com entusiasmo não dá o direito de ofender, desrespeitar e omitir méritos. Lembremos disso em outubro de 2020.