A Escola Municipal de Ensino Fundamental São Caetano, Arroio do Meio, trabalha, desde o início do ano letivo, em um projeto que engajou alunos e se expandiu para toda a comunidade. Com o objetivo de estimular a logística reversa e reduzir o plástico, principalmente as embalagens e garrafas PET, os materiais têm sido coletados e recebem o destino correto. A adesão, liderada por crianças e jovens, foi tão grande, que familiares chegam a vir de outras cidades para trazer os itens.
O tema sustentabilidade já havia sido escolhido como o foco deste ano a ser trabalhado com os sétimos anos, pela professora de Ciências Leila Horst. As atividades iniciaram com a criação de ecobags feitas com jeans reaproveitados, em uma parceria com o Cras. Foi então que a estudante de Ciências Biológicas Bacharelado, Karine Hoffmeister, que também é mãe de aluno, procurou a escola levando a ideia da logística reversa, realizando um trabalho que integrava o seu TCC.
“Hoje toda a escola está engajada, com uma ação que se estendeu também para as famílias dos alunos”, explica Leila. Foi instalado o PEV (Ponto de Entrega Voluntária). As embalagens coletadas são depositadas no PEV e, antes do envio para ah reciclagem, os alunos realizam uma simples triagem do material, separando as embalagens PET das demais.
O material é recolhido quinzenalmente pela empresa Lorenzon Plásticos, de Encantado, que atua na recuperação de resinas plásticas desde 2004. A empresa realiza todo o processo de reciclagem mecânica das embalagens (triagem, fragmentação, lavagem/separação, secagem e extrusão) e reinserção de todo o volume na cadeia econômica do plástico. A empresa fornece, inclusive, grandes sacos onde todo esse material é armazenado, após sair das caixas coletoras. A atividade oportunizou a geração de renda extra para a escola a cada quilo de material recolhido.
Para a professora Leila, um dos pontos mais gratificantes é ver que o objetivo de sensibilizar para a preservação do meio ambiente e para a reciclagem foi atingido. “As crianças foram as grandes divulgadoras”, completa. Por meio deste trabalho, foi possível aos alunos visitarem a empresa, para conhecerem e entenderem melhor sobre o processo de reciclagem de plástico, além de saber mais sobre o material e suas classificações. “O olhar atento deles naquele dia. Antes a gente estudou o impacto do plástico nos animais. Trabalhamos isso e viemos para a nossa realidade e eles cuidavam tudo,” recorda Leila, orgulhosa.
Os estudantes também separam as tampinhas para outro projeto, que é realizado pela Liga de Combate ao Câncer.
Responsabilidade ambiental é um compromisso de todos
Conforme Karine Hoffmeister, a principal temática do trabalho foi abordar as questões envolvendo materiais plásticos, despertar interesse e disseminar conhecimento quanto a separação e destinação correta de resíduos pós-consumo para a reciclagem. “Porque, atualmente, o consumo em grandes proporções acaba gerando uma alta quantidade de resíduos, e estes quando não destinados de forma correta, acabam criando um grande impacto ambiental. Os materiais poliméricos, em sua maioria, podem ser de grande potencial de reaproveitamento, trazendo com isso o assunto do trabalho que é a logística reversa de embalagens plásticas e a volta como matéria prima”, explica.
A logística reversa é um assunto, segundo Karine, que pode ser abordado na educação ambiental pelas escolas em qualquer série da educação na atualidade. “As escolas desempenham um papel fundamental em prol do meio ambiente, pois conseguem mobilizar além dos alunos, seus familiares e toda a comunidade a desenvolverem novos hábitos. Com isso, também contribuem para o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde a mesma traz a responsabilidade compartilhada entre todos os geradores de resíduos da cadeia produtiva: fabricante, comerciantes e os cidadãos/consumidores”.
Karine alerta que, para entender a reciclagem, é importante mudar o conceito que se tem sobre os resíduos, deixando de vê-lo como uma coisa suja e inútil. “Grande parte dos materiais que são descartados podem e devem ser reciclados, pois servem de matéria para a fabricação de novos objetos. A reciclagem é hoje a alternativa mais viável economicamente para amenizar a problemática atual, porém é fundamental o engajamento da população nestas atividades. É preciso perceber que os resíduos são fonte de riqueza e muitas famílias vivem da venda deste material, que para ser reciclado deve ser separado. Precisamos compreender que somos responsáveis pelo destino final das embalagens dos produtos que adquirimos”.
Karine salienta que a colaboração da direção da escola e o envolvimento da professora de ciências foram fundamentais para o êxito dos trabalhos. “O retorno dos pais e moradores do bairro me deixa muito satisfeita e feliz, tendo a certeza de que consegui alcançar os objetivos propostos. Muitos vinham perguntar quanto tempo o PEV iria ficar na escola, diziam que precisava ficar para sempre, porque recolher estas embalagens e enviar para reciclagem é algo que não tem preço. Chegar diariamente na escola para buscar meu filho e ver vários pais entrando com embalagens plásticas para depositar no PEV é algo que emociona muito”, declara. Para ela, ficou claro como uma pequena ação na comunidade escolar pode alterar a rotina e os hábitos das pessoas, reduzindo os impactos ambientas de toda uma comunidade.