A frente do SER Forquetense desde 2017, o presidente Flávio Luiz Liesenfeld prefere não falar em perdas para a sociedade com a pandemia. Havia programações agendadas em todos os fins de semana, pelo menos até setembro – com festas particulares, eventos sociais de entidades comunitárias e corporativos, como clube de mães, grupos de danças, corais, cooperativas, empresas e bailes. Em abril e maio estavam programadas festas particulares em todos os sábados e domingos. “Não se pode olhar somente a perda financeira. É tempo de agradecer. A comunidade está rica em saúde. A diretoria e o conselho deliberativo entenderam como importante respeitar o decreto do prefeito Klaus Werner Schnack, eleito pela maioria da população. Não se brinca com decretos”.
Além dos eventos, a parte esportiva também está paralisada. Os jogos de futsal e de futebol sete que ocorriam nas noites de quarta a sábado, além da bocha, canastra e futebol 11 e veteranos, e a participação em competições também estão suspensas. Segundo Liesenfeld existem os dois lados da moeda e a pandemia está mostrando à sociedade que, ultimamente, a população focou muito no esporte e lazer, deixando de cumprir o principal, que é zelar pela família e a doação comunitária na essência. “Muitos sequer avaliavam ou sabiam avaliar, o esforço voluntário, as dificuldades e os custos de manter uma estrutura de lazer e entretenimento, pois o espetáculo já estava pronto. Isso em todo o Brasil e no mundo. Reclamar, opinar é muito fácil. Pior ainda quando não colaboram. Mas existe uma equipe de pessoas que precisa estar constantemente de prontidão, para manutenção, limpeza, organização e bom atendimento. Pessoas que abrem mão da noite e dos fins de semana”, revela.
Liesenfeld destaca a dedicação da diretoria, a distribuição das tarefas e incumbências, e a atuação do Conselho Deliberativo, e da seriedade de se estar à frente de um clube que é símbolo da comunidade. “Se o Forquetense está neste patamar, é pelo esforço de uma comunidade inteira durante diferentes épocas. Sempre houve bons propósitos em mostrar que é possível melhorar. É um local frequentado por pessoas de todas as religiões, classes sociais e profissões, que buscam agregar na parte esportiva. Esta é a força”. Algo marcante, na história recente, foi a colocação de um crucifixo pelo vigário da paróquia, Décio Weber, no fim de semana do domingo de ramos, nas instalações do clube, frequentado pelo povo.
Entre as obras projetadas para este ano, estavam a ampliação dos banheiros na parte externa, implantação de nova iluminação e gramado sintético do campo de futebol sete, reformas na parte interna do salão, compra de uma câmara fria e modernização das pistas na cancha de bocha para melhorar a jogabilidade. Entretanto, em decorrência da pandemia, o presidente preferiu não detalhar as prioridades. Com 149 sócios em dia, o Forquetense possui dinheiro em caixa e Liesenfeld tem a certeza de que os investimentos se pagariam dentro de uma rotina normal e seriam usufruídos por todo o quadro social, diferente do que gastar demais na contratação de jogadores para determinada competição, o que nem sempre é garantia de título.
Num cenário pós-pandemia, o presidente avalia que existirão dificuldades para a conclusão do campeonato municipal, sem mudanças no regulamento. Por motivos de saúde e financeiros, haverá menos público acompanhando os jogos, menos sócios colaborando, alguns jogadores já sinalizaram que não irão mais participar nesta edição, e substituições serão necessárias. Com a diminuição da renda e inviabilidade legal ao poder público em repassar mais verba para a arbitragem, muitos ajustes serão necessários para uma simplificação da fase final, pois os clubes são responsáveis pelos custos. Liesenfeld também prevê uma acentuada queda no rendimento físico e técnico, pois a maioria dos atletas parou de frequentar academias e não está mais jogando no dia a dia. Sem dinheiro à disposição, a tendência é de que logo no reinicio dos jogos, e nas próximas temporadas haja uma desvalorização do cachê de alguns jogadores, que em muitos casos estava inflacionado.
Em âmbito estadual e nacional, avalia que a retomada das competições e eventos, será em meio a um clima apático. “Se vê muitos jogadores de alto nível abrindo mão dos salários para ajudar funcionários dos clubes. Quem não acabar abrindo mão, vai acabar perdendo espaço”, expõe.
Fora do clube, Flávio é avicultor, suinocultor e bovinocultor de leite integrado à BRF, JBS e Dália Alimentos. Suas perspectivas não são muito otimistas, pois sabe que a agricultura será bastante afetada pela recessão do mercado e terá que cumprir o papel social de alimentar milhares de pessoas com fome.