A vida da industriária Ana Paula Alves Veiga, 42 anos, mudou drasticamente no ano passado. Em 16 de abril ela dava entrada no hospital com sintomas de covid-19. O quadro se agravou, sendo a primeira paciente de Arroio do Meio a precisar de internação em leito de UTI. Hoje, quase um ano depois, é grata por estar viva, apesar das sequelas. Tem convicção de que sua vitória sobre a doença foi intervenção divina. É uma nova e esperançosa mulher.
O diagnóstico assustador que confirmava a infecção por coronavírus, Ana Paula recebeu apenas em Estrela, já a caminho da UTI. Os pulmões estavam muito comprometidos pela covid-19 e os rins começavam a falhar. “Entreguei nas mãos de Deus”, lembra.
Foram 10 longos dias intubada e sedada, lutando pela vida. “Eu queria viver. Os médicos tiveram que aumentar a medicação. Falaram que se eu não reagisse à medicação não tinha mais o que fazer”, conta.
Foi nestes dias difíceis que a moradora do bairro Bela Vista teve uma experiência sobrenatural. Teve um encontro com Jesus. “Clamei por Ele e orei muito enquanto eu estava sofrendo e lutando pela minha vida. Ele veio em cima de mim, na cama. Não conseguia olhar, o rosto dele brilhava muito, mas via as vestes dele. Sua luz clareou o quarto da UTI. Pedi misericórdia pela minha vida. Pedi para me proteger porque estava com muito medo e queria ter uma noite de sono em paz. Aí ele colocou anjos voando em cima de mim. Foi lindo. Chorei muito e cada um dos anjos ficaram em cada lado da cama, mexendo nos meus braços. Jesus disse para mim: não temas, estou contigo. Aí fechei meus olhos, fui no inferno. Vi pessoas sofrendo, fogo, choro, grito, desespero. Vi o diabo rindo para mim. Daí Jesus me puxou de volta. Quando vi, estava no paraíso com Ele. Acordei rindo, feliz. Ele deixou ver minha mãe, porque também pedia muito por ela na UTI. Foi lindo. Nunca vou esquecer esse momento de dor e sofrimento, mais em momento algum Ele largou a minha mão e, no final, eu recebi a vitória”.
Ao ter alta da UTI, Ana Paula ainda ficou alguns dias internada no Hospital São José para tratamento. Voltar para casa depois de 18 dias de hospital foi um momento de grande emoção. O começo de uma nova história. Ela conta que hoje dá muito mais valor para as coisas simples da vida e que tem prazer em falar de sua experiência com Deus. “Tenho certeza de que possuo uma missão aqui na terra. Só tenho gratidão com Deus. Se não fosse Ele, não estaria viva para contar a minha história. Eu estive entre a vida e a morte”.
Depois de tanta luta, a industriária afirma que houve aprendizados. “A vida é um sopro. É preciso viver cada dia intensamente, como se fosse o último e dar valor às pequenas coisas. Dar valor às pessoas que realmente valem a pena, ter mais empatia ao próximo, amar como se não houvesse amanhã”.
Sequelas
Mesmo sem ter comorbidades, a covid-19 afetou de forma grave Ana Paula e deixou sequelas. “Não sou mais a mesma”, observa, dizendo que hoje não enxerga de um dos olhos, tem trombose, cansaço e fraqueza no corpo. “Tenho crise de ansiedade, traumas, insônia. Mas agradeço todos os dias a Deus por estar viva. Vejo tantas mortes por causa deste vírus que, para mim, é assustador e desesperador. Eu não quero mais passar pelo que passei. A incerteza se você vai sair viva ou morta e, de repente, não ver mais a sua família, é muito desesperadora. Por isso que eu digo: foi Deus quem me curou e me tirou daquele sofrimento”.
Para quem passa por uma situação parecida, ou tem um familiar ou amigo adoecido, Ana Paula destaca que é preciso ter fé e muita empatia com os entes queridos. “As pessoas que estão numa UTI sofrendo, estão lutando pela vida. Não é fácil, mas para Deus nada é impossível. Vamos ter amor ao próximo, é isso que está faltando nas pessoas”.