Mãe, esposa, auxiliar administrativa da Dália, e uma guerreira que mostra o quanto a vida é valiosa e que não se deve desistir dela. No dia 4 de outubro de 2014, Claudete Frey Wolschick, 56 anos, iniciou sua maior batalha: pela vida. Diagnosticada com câncer, precisou passar por cirurgia, que seria a primeira de três. O câncer constatado, conhecido no meio médico como GIST, é um tipo raro, que acomete o trato gastrointestinal e o sistema digestivo.
Claudete lembra que a descoberta aconteceu de uma hora para outra e que logo foi encaminhada para fazer a cirurgia. Bem antes de sentir-se mal e ter o diagnóstico, ela havia feito uma reeducação alimentar e reduzido muito de peso, o que segundo os médicos, foi uma mudança fundamental para o sucesso de todos os procedimentos. “Por 12 meses fiz tratamento de quimioterapia via oral e me preparei para a segunda intervenção. Nessa etapa, tive a remoção parcial do fígado e pâncreas e a remoção da vesícula, do baço, do estômago e de parte do intestino. Além do procedimento de alto risco, tive uma trombose e contraí uma bactéria que me levou a uma infecção hospitalar, fiquei hospitalizada por 51 dias”, relata.
A terceira cirurgia de Claudete ocorreu em 2019 e teve oito horas de duração. Desde lá, ela segue o tratamento com medicação. “E faço um acompanhamento rigoroso de minha saúde. Ano passado vimos que o tratamento não estava dando o mesmo efeito de antes e, então, foi trocada a medicação”, conta. Agora seu acompanhamento será com um profissional oncologista de Porto Alegre – indicado por uma profissional da região – que atua no Hospital Moinhos de Vento e que é especializado em tipos raros de câncer.
“Antes de tudo acontecer, eu ainda pensava: se eu passar por uma coisa destas, não vou saber administrar bem isso. Eu não achava que ia encarar desta maneira”, observa, ressaltando o quanto sua força foi determinante para passar por tudo de cabeça erguida. “A primeira coisa que pensei: eu não vou entregar os pontos”, enfatiza Claudete.
Ela fez acompanhamento com psicóloga durante o processo, mas enfatiza que teve sua força de vontade sempre muito clara e sequer precisou tomar antidepressivos. Hoje, leva uma vida normal dentro do possível, trabalhando – neste momento em home office, em virtude da pandemia – caminhando, quando pode, e também sem restrições radicais em sua alimentação. Um dos momentos mais esperados do dia, é reunir-se com o marido e filhas para tomar um chimarrão na frente de casa, conversando e apreciando o clima e o movimento.
Casada com Rudi Wolschick, mãe de duas filhas, Jaqueline, 32 anos e Josiane de 22, Claudete tem na sua família, um verdadeiro tesouro, que a apoiou e esteve ao seu lado o tempo todo. “Quando estive internada fiquei pouquíssimo tempo sozinha. Sempre um deles estava lá. Meus familiares sempre me acompanham às consultas. Também sempre tive o apoio de minhas irmãs, de meus pais, dos familiares que moram em Venâncio Aires, de amigos, enfim, todo esse carinho é fundamental”.
Outra força determinante é a fé. Católica, ela e sua família sempre estiveram presentes nas missas na igreja matriz, mas, após a descoberta do seu diagnóstico, a frequência aumentou, na grande maioria das vezes, com o intuito de agradecer pela vida. “A gente tomou como uma força para nós, irmos lá para agradecer, e também pedir pela saúde. É apenas uma hora por semana, que tu podes dedicar à missa. Nos sentimos bem fazendo isso”, comenta. Agora, com as restrições da bandeira vermelha, as orações têm sido feitas em casa, mas a saudade de ir até a igreja é grande. “Se vamos até o centro ou no mercado, aproveito e vou até lá”.
Em tempos onde vive-se inclusive com o inimigo invisível que é o coronavírus, Claudete deixa um conselho importante aos leitores: “Tudo o que é preventivo, é válido. Às vezes as pessoas percebem alguma coisa diferente e não vão atrás. Seja pelo plano de saúde ou pelo SUS, façam os exames preventivos que podem fazer. Os médicos estão aí para isso e todo o cuidado, principalmente agora, no caso da covid, é importante”, conclui.