São três títulos que reconhecem Nova Bréscia em todo estado do Rio Grande Sul. A cidade de colonização italiana emancipada em 1964, além de ser conhecida oficialmente como Terra dos Churrasqueiros e ser a Capital da Mentira, desde 2015 sustenta o título de maior cidade produtora de aves do estado.
Por ano, de acordo com o levantamento da secretaria da Agricultura local, e os números apresentados pela Associação Gaúcha da Avicultura (Asgav), são mais de 34 milhões de aves destinadas ao abate das integradoras criadas em 126 propriedades no município. Foi em Nova Bréscia também onde foi construído o primeiro condomínio leiteiro do Vale do Taquari, utilizando robôs na realização da ordenha onde o investimento foi de R$ 6 milhões.
Mas os bons momentos na avicultura nem sempre foram assim. A cidade passou por uma grave crise em 2006 com a queda nas exportações de frango e agravamento da gripe aviária, o que causou o fechamento de mais de 300 aviários. A cena ainda é muito presente em comunidades do interior, onde é possível ver muitas estruturas abandonadas.
Na atualidade, em tempos de investimentos e modernidade, a família Betti, em Linha Olinda, é uma das referências, considerada uma das maiores produtoras individuais de aves no estado e na América Latina. São sete aviários do modelo Dark House, considerado o mais moderno na criação de aves na atualidade, onde tudo é controlado por painéis eletrônicos: água, luz, temperatura e alimentação.
Ao todo são 340 mil animais confinados de 28 a 30 dias e são encaminhados ao abate com a média de 1,4 quilos. Por ano, o número de aves destinado ao abate supera os 2,3 milhões de cabeças, número que, até o final do ano, poderá chegar aos cinco milhões com a construção de mais três galpões de 3 mil metros quadrados cada, para o alojamento de mais 530 mil animais por lote.
Com o mais recente investimento, que supera os R$ 4 milhões e com o auxílio constante da tecnologia, a família faz projeções a longo prazo, garantindo a permanência dos mais jovens na propriedade que contará com 10 aviários de última geração. Jandir Betti, 63 anos, foi quem iniciou os empreendimentos na área da avicultura. O primeiro aviário no sistema convencional foi construído em 1990 para três mil aves por ciclo com um investimento de R$ 5 mil.
Hoje quem garante a sucessão são os filhos Cristiano, 33 anos, Juliano, 28 anos, Luciano, 27 anos, e os netos Yago, Luiza, Gabriel e Guilherme. “Aqui no interior temos mais qualidade de vida e renda. A tecnologia e assistência das integradoras facilitou o trabalho no campo e dá mais tranquilidade para fazer investimentos”, dizem.
Após o primeiro investimento, em 1990, Jandir seguiu ampliando a propriedade. Em 1993 construiu um novo aviário para 13 mil frangos e em 1999 dois novos galpões aumentando o confinamento total para 40 mil aves.
O primeiro Dark House foi construído em 2013, um sistema automatizado e climatizado, controlando a luminosidade e permite mais alojamento de aves por metro quadrado. Outros dois galpões foram construídos em 2014 o que saltou a capacidade de alojamentos de 85 mil, para 177 mil.
Já em 2016, a família Betti voltou a investir mais de R$ 3 milhões em quatro estruturas Dark House, substituindo então os aviários convencionais por galpões automatizados de última geração para mais 195 mil aves por ciclo.
De acordo com a família, um dos maiores problemas enfrentados é a carência de abastecimento qualificado de energia elétrica. Para driblar esse problema, a opção foi de investir em 2019 mais de R$ 800 mil na instalação de 672 placas fotovoltaicas com a capacidade de geração de mais de 21 mil kw/mês, que permitiu a família reduzir a conta de energia de R$ 15 mil para uma taxa mínima da RGE, que é de R$ 100.
DESTAQUE NA PRODUÇÃO PRIMÁRIA
Outras famílias em Nova Bréscia se destacam na produção primária. A cidade possui 126 produtores ligados diretamente com a avicultura de um total de 691 juntando os demais setores como suinocultura e bovinocultura leiteira.
No Valor Adicionado do município, a agricultura representa cerca de 85%, sendo 60% oriundos das vendas da avicultura, que em 2019 movimentou R$ 132 milhões. Como forma de driblar a crise atual envolvendo os custos de produção e elaboração de projetos, Nova Bréscia possui uma política de incentivos com o fornecimento de tubos de concreto para acessos nas propriedades e execução de terraplanagens.
No município, além da família Betti, outras terraplanagens estão em andamento para a construção de cinco aviários Dark House e chiqueirões. Outros produtores aguardam vagas nas integradoras ou a liberação de financiamentos.
Números do setor avícola em Nova Bréscia
126 produtores
34 milhões de cabeças alojadas por ano
Aproximadamente R$132.000.000,00 a movimentação financeira do setor, cerca de 60% do Valor Adicionado Fiscal (VAF). O setor primário representa 85% da economia em Nova Bréscia
*Números – Secretaria de Agricultura de Nova Bréscia / Ano base: 2019