A alta das commodities vai manter o preço da ração animal, farelo e milho grão em patamares elevados. De acordo com o técnico agropecuário da Emater/RS-Ascar, Elias de Marco, com a pressão da indústria de proteína animal, não haverá mais oscilações, muito menos subvalorização. “É só olhar para a compra antecipada das safras de soja e milho que está chegando próxima a 50% nas últimas temporadas”, explica.
Uma alternativa bastante difundida para “poupança alimentar” nas propriedades, é a produção da própria alimentação, especialmente na bovinocultura de leite. Se a silagem de milho está consolidada, as pastagens permanentes e perenes (inverno) são alternativas importantes para pastejo in natura e produção de feno, o que dá um suporte importante durante as quatro estações do ano.
De acordo com Elias, a semeadura das pastagens e forrageiras de inverno – azevém, aveia e milheto – atrasaram em decorrência da falta de chuva em abril. A tendência é de que sofram um pouco com o desenvolvimento, nos locais onde for preciso fazer nova semeadura, pois necessitam de horas mínimas de sol/dia. O azevém leva em torno de 60 dias para poder receber o pisoteio. Já aveia somente 40 dias, mas sofre mais com pisoteio e rebrota depois de implantada.
Uma sugestão é consorciar ou ainda fazer uma sobressemeadura em pastagens de verão, com plantadeiras de forrageiras. “A pastagem de inverno perde a força no fim, na transição do inverno e da primavera, quando as pastagens permanentes saem do período de dormência e voltam a rebrotar”.
O bovinocultor Juliano Gräf, 40 anos, de Linha 32, adotou métodos mais profissionais na implantação de pastagens em 2012. Além de contar dez piquetes de pastagens de verão (tífton e capim ares) e dez piquetes de forrageiras de inverno (azevém), mantém uma área de um pouco mais de um hectare para fenação. O custo por fardo de feno, utilizando a máquina da associação que integra, gira em torno de R$ 3, bem abaixo do valor de marcado que está próximo a R$ 10.
Com isso o consumo de ração e milho grão se estabilizou em 24%, o que é considerado satisfatório. “São cerca de 18kg por dia em feno e silagem, além do pastejo à vontade. Cada dia num piquete”. Essa organização da propriedade, mais outras técnicas de manejo, melhoramento genético e gestão, fizeram com que a média de litros de leite por vaca/dia chegasse a 25, o que é excelente para uma propriedade de pequeno porte.
Segundo Juliano, o custo de implantação de pastagens, tanto de inverno como de verão, é muito inferior à produção de silagem. A única intervenção é aplicação de dejetos dos próprios bovinos que tem baixo impacto ambiental, e um pouco de ureia. Nas pastagens de verão, são feitas roçadas frequentes durante os meses quentes, para manter a rebrota e vigor das plantas.
Juliano atua na lida rural desde 2005 juntamente com sua esposa Marceli. Antes disso teve passagem pela indústria e construção civil. O incentivo para atuar na agricultura foi do sogro Ireno Hedges, que entendeu que seria melhor para a rotina da família, a qualidade de vida e a renda.