Em meio à quebra na safra de milho e altas no preço da soja, o cultivo de trigo ganha espaço nas lavouras da região e se torna uma alternativa para as cooperativas na fabricação de ração. O incremento e aumento da semeadura também se deve muito à valorização do cereal no mercado externo impulsionado principalmente pela demanda na indústria de carnes.
O tempo úmido e as chuvas frequentes favoreceram o cultivo. Em Travesseiro, o agricultor Eduardo Bolkenhagen, 23 anos, aumentou em 70% a área cultivada em relação à última safra, quando foram plantados quatro a cinco hectares. Hoje a lavoura de trigo atinge 15 hectares em Picada Felipe Essig.
No Vale do Taquari e Caí a estimativa da Emater/RS-Ascar, regional de Lajeado, que atende 55 municípios é que a área de trigo possa aumentar em mais de 60% passando dos 2.176 para 3.625 hectares.
Toda a produção de Bolkenhagen é negociada com cooperativas locais. A estimativa do produtor é de colher aproximadamente 50 sacas por hectare. A valorização do grão foi o principal atrativo, o preço da saca de 60 quilos está, atualmente, em R$ 82,39, quase o dobro da última safra quando a cotação estava em R$45,24. “O preço de venda é mais atrativo que o ano anterior e o clima também deve favorecer. Espero que continue assim. Mas, em compensação, os custos aumentaram”, explica.
Segundo ele, a maior alta foi sentida nos preços de adubos e sementes, que seguiram o aumento do dólar. Já outros produtores que anteciparam a compra conseguiram preços inferiores “Além disso é necessária a dependência do clima e controlar pragas e doenças, que possam prejudicar a lavoura”.
O frio intenso não deve atrapalhar o desenvolvimento da planta. A única preocupação de quem tem lavouras é com a geada fora de época, entre agosto e setembro, que pode atingir as lavouras no período de floração e assim comprometer a colheita.
Segundo levantamento apurado e divulgado recentemente pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) os custos totais, incluindo gastos em insumos e manutenção de máquinas por hectares é de R$ 4.305,01, representando um aumento de 31,74% frente aos R$ 3.267,78 registrados na safra passada do trigo.
Ainda na avaliação da FecoAgro/RS, o Rio Grande do Sul poderá colher uma safra superior a 3,5 milhões de toneladas de trigo, com aumento de área de mais de 15%, acima de um milhão de hectares.