Embora as redes sociais e os aplicativos tenham revolucionado a vida de quem busca novas paqueras, durante a pandemia, os solteiros estão com poucas opções de espaços sociais para conhecer e conversar com as pessoas mais de perto, para se descontrair e aprofundar-se sobre o outro.
As opções ficam restritas a lounges, bares, cafés e restaurantes, ou programações particulares, que dificultam conhecer pessoas que não fazem parte do círculo de convívio. A situação é ainda mais delicada para quem desconfia das vitrines virtuais, não gosta de criar expectativas ou ainda, quer evitar frustrações.
O QUE MAIS SINTO FALTA É DE DANÇAR
O sócio do supermercado Scheid de Bela Vista, Matheus Xavier Sibenborn, 30 anos, o Pickles, morador de São Caetano, professor de Educação Física e integrante de um projeto social com a Escolinha Prata da Casa, está solteiro há praticamente um ano.
Pickles não é adapto a aplicativos. Pelo que constata, a vida social mudou, especialmente quanto à restrição de horários, lotação de pessoas nos estabelecimentos e o impedimento de baladas.
As happy hours começam pelas 19h e terminam antes das 22h30min. Na região, as melhores opções são bares e pubs nas imediações da Univates e no Centro de Lajeado, por trazer pessoas de diferentes cidades. “Como os bares são frequentados por pequenos grupos é preciso ter mais criatividade e evitar ser inconveniente, pois às vezes as pessoas só estão ali para espairecer. Geralmente grupos de amigos têm combinado chegar num local onde há grupos de amigas e, posteriormente, se evolui para contatos mais diretos”.
Porém, devido as restrições, o público geralmente é o mesmo, o que dificulta conhecer pessoas diferentes. “Como não ocorrem baladas, geralmente os sábados são dedicados a reuniões particulares, na casa de amigos ou amigas, onde são assistidas lives de artistas e é feito algum jantar. Muito diferente das baladas, onde se fazia uma concentração e se saía de casa à meia-noite e havia várias opções de festa. O que mais sinto falta é de dançar e do ambiente despreocupado da balada. O bom de estar solteiro é não ter de dar explicação para coisas simples, como beber algo com amigos num bar”.
Pickles também é adepto do turismo de aventura, mas revela que é difícil de conhecer pessoas novas em trilhas.
O PRECONCEITO E AS FRUSTRAÇÕES VIRTUAIS X INTENSIDADE NA FASE PÓS-PANDÊMICA
A secretária Débora Andressa Bersch, 27 anos, moradora de São Caetano está solteira, há dois anos e meio. Ela observa que antes da pandemia, existia um leque amplo de festas para vários gostos e, hoje, praticamente nem se pode frequentar pubs. “Você marcava uma social para conhecer a pessoa. Hoje, só pelo Whats. Mas não é como pessoalmente. Tudo depende da conversa que se cria com o outro, até mesmo se já conhecia a pessoa. O celular não deixa de ser muito prático. Mas, às vezes, a conversa virtual facilita o engano. A pessoa se diz de um jeito e depois se mostra diferente. O contrário também ocorre. Às vezes a pessoa não sabe se expressar e acaba não demonstrando aquilo que realmente quer mostrar, ou ocorre preconceito por não seguir padrões de beleza, vestimentas, formas de expressão, mas nem por isso deixam de ser interessantes”.
Débora, assim como muitas outras pessoas, voltou a olhar filmes, escutar mais músicas e passar mais tempo com a família. “Acredito que o ponto positivo é o autoconhecimento, você pode pensar o que realmente quer para um relacionamento e o que talvez tenha que mudar. O ponto negativo é a falta de companhia, um carinho amoroso, talvez até para conversar mais intimamente […] acredito que a fase pós pandêmica será muito intensa. As pessoas estão há muito tempo sem curtir uma balada, uma social com amigos, até mesmo os encontros a dois serão mais intensos”.