Em 2020, a participação da agricultura no Valor Adicionado Fiscal de Arroio do Meio foi de 14,91%, superando em 0,21% o resultado de 2019. Dos 1613 talões de produtor cadastrados no município, 63% estão ativos e mais de 70% são de idosos.
Apesar de o número de integrados a cooperativas e multinacionais ter caído em Arroio do Meio, a produção de leite, suínos, aves, grãos e outros alimentos cresceu. Isso porque os integrados que permanecem, acabam incorporando o plantel, equipamentos, máquinas, e até benfeitorias de quem está deixando a atividade, além da prática de arrendamento.
No leite, que já era produzido em praticamente todas as propriedades, hoje estão 222 que produzem 21,4 mil litros diários. O mesmo ocorre nas outras atividades. De acordo com o secretário da Agricultura, Élcio Roni Lutz, poucos produtores estão deixando as integradoras para atuar com a mesma intensidade de forma particular. A maioria migra para um tipo de produção menos onerosa em termos envolvimento, mas que podem aproveitar a estrutura já existente na propriedade.
Um dos exemplos é o casal Acido, 69 anos e Lúcia Schmitz, 66 anos, do bairro Dom Pedro II. Há cerca de um mês, deixaram de produzir leite, após 45 anos de integrados. “No último mês, descontando a ração e insumos, tivemos um saldo negativo de R$ 0,80”.
Além da baixa valorização, um dos motivos para o casal desacelerar é a falta de sucessores e problemas de saúde. “Não temos ninguém para nos ajudar se ocorrer algum imprevisto. Nossos filhos têm os compromissos profissionais deles. As dores às vezes são insuportáveis. Lavrava mais de 22 hectares no Morro Gaúcho antigamente”, relembra Acido.
Na criação de leitões, tiveram experiência semelhante. Produziram por 19 anos de forma integrada, entregando leitões com 25kg para terminação. Entretanto, há 27 anos, em decorrência de novos ciclos produtivos, que incluíram a etapa creche, a integradora exigiu investimentos inviáveis. “Recentemente tínhamos comprado essa área, não tínhamos como fazer outra dívida e acabamos nos dedicando a fornecer leitões para produtores independentes por mais de duas décadas. Recentemente diminuímos a estrutura de matrizes de 32 para 11 e, hoje, atendemos basicamente produtores que focam no consumo próprio”.
Além dos leitões, aos poucos estão desenvolvendo a recria de terneiros e bezerros de diferentes raças. “A procura é grande. Compramos vacas de canga que dão de mamar, e os bovinos recém-nascidos, vendemos só quando estão desmamados, em média após três meses. O ideal é conseguir o gado acabado. Há colocação. Mas não achem que é fácil correr atrás de animais jovens”.
Entre os desafios, cita a dificuldade de feeling em torno da confiabilidade dos clientes em negócios particulares, e pequenos problemas de inadimplência. “A maioria agenda a compra de forma antecipada, logo após o abate em sua propriedade”, conta.
Além das benfeitorias e dois tratores, contam com cinco hectares de pastagens e 15 hectares que são direcionados à produção de grãos e silagem.