O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Arroio do Meio, em parceria com a Emater/RS-Ascar, prefeitura e Fetag, programa para o próximo dia 29 um encontro municipal de jovens rurais. A programação deve ser virtual, com início a partir das 13h e tem como temática a agricultura familiar e a juventude. Encontros semelhantes já foram realizados em Travesseiro e Capitão, que integram a área de abrangência do STR.
O conselheiro fiscal do STR Odair Berwanger detalha que ele e o presidente Astor Klaus fizeram visitas aos jovens, convidando-os para o encontro. Compreende que, no meio rural, há muitas tarefas, mas pondera que a participação em encontros é importante, pois além de trocar ideias com outros jovens, também é uma oportunidade de adquirir conhecimento.
No encontro será abordada a questão dos jovens e sua identidade, o que fariam se não fossem agricultores e a importância do seu trabalho. Participam desta conversa, o presidente do STR, Astor Klaus, Paulo Grassi, que também integra a diretoria do STR, o coordenador da Regional Sindical do Vale do Taquari, Marcos Hinrichsen e a coordenadora da Comissão Regional de Jovens do Vale do Taquari, Jaíne Sprandel.
Pensar a sucessão
Odair, que pela primeira vez está ligado à diretoria do STR, ressalta que é preciso fazer um amplo trabalho voltado à sucessão rural, sob o risco de faltar mão de obra no futuro próximo. Além disso, muitas propriedades serão absorvidas por outras, que acabarão concentrando a produção de alimentos, reduzindo o número de famílias na atividade.
Em Arroio do Meio, estima-se que sejam aproximadamente 40 jovens – entre 16 e 32 anos – na agricultura. Em Capitão, onde a agricultura representa 93% da arrecadação econômica, são cerca de 30 jovens. Já em Travesseiro, município em que a agricultura representa 74% da arrecadação, são aproximadamente 15 jovens na atividade.
Os números, segundo o representante sindical, não são nada animadores. Para ele, a participação do jovem na agricultura precisa ser incentivada e debatida. Elenca que há uma série de situações, nas esferas municipal, estadual e federal, que os jovens precisam estar conscientes e lutarem por mudanças. Cita a importância das políticas públicas federais de incentivo à agricultura familiar, como o Pronaf, com juros subsidiados, e a manutenção de direitos adquiridos, como a aposentadoria rural.
Berwanger reforça que, em âmbito municipal, também deveria se pensar em um programa voltado para a permanência do jovem no meio rural, já que ele é o presente e o futuro da agricultura. Ainda no município, afirma que é preciso se repensar os loteamentos residenciais em áreas agrícolas. “Esta é uma situação que precisamos estar atentos e o município precisa intervir para conter esse avanço, sob o risco de, cada vez, termos menos áreas para a produção de alimentos”, destaca.
Entre os vários desafios do meio rural, relata que a política e preços dos produtos faz com que muitos jovens saiam em busca de trabalho em outros setores. “No caso do leite, os insumos são cotados pelo dólar e o nosso produto é vendido em real. Essa conta não fecha. Desestimula a continuidade na atividade”.
A mentalidade de muitas famílias, que nem sempre aceitam a incorporação de novas ferramentas na gestão da propriedade, bem como a divisão do lucro, também é fator que afasta os jovens do campo. “Muitos pais não entendem isso, querem que os filhos trabalhem na propriedade, sem que tenham uma perspectiva de ganhar o próprio dinheiro. E não é assim. Todo mundo quer ter sua renda, sua independência financeira”, reforça Odair.