Quem se anima a um passeio bacana em Gramado? A cidade tem encantos, centenas de locais que relaxam o olhar e te fazem parecer em algum lugar bem próximo ao paraíso. São mil sotaques, gaúchos de querências mil, brasileiros de outras regiões e estrangeiros em grupos cantando um “Ó…” em coro, diante de tantos atrativos. E a grande maioria repete a cantoria, em tom de choro, na hora de pagar a conta. Atualmente são mais de 40 mil habitantes fixos e, em feriados e datas especiais, esse número aumenta significativamente. Em outras palavras se tornou “artificial”, embora preserve a beleza natural e o saudável clima de montanha.
Tenho uma amiga paulista que vive a me cutucar: quem sabe não criam outros pontos bacanas em regiões ainda pouco exploradas no Sul? E fico a imaginar cidades do Vale do Taquari, com suas paisagens bacanas, gastronomia bem definida e, na maioria das vezes, bons acessos a locais turísticos. Só o Morro Gaúcho já valeria um passeio. Mas como tudo na vida, a tendência seria igualmente um expressivo incremento nas visitas, com gente a consumir mais, valorizar o comércio e, em certa altura, já provocar um certo desconforto aos que buscam aquela rotina mais tranquila.
Por exemplo, eu cresci no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Nos tempos de guri era comum passearmos nas margens do Guaíba para pescar lambaris. Hoje temos vias agitadas, parques bem organizados e uma multidão nos feriados e finais de semana. Mas o comércio ganha com isso. A cidade perde aquele ar meio abandonado e o pôr do sol passa a dar lucro para quem vende lanches na orla, não apenas em dias de futebol, ou espetáculos musicais no Estádio Beira Rio e Gigantinho. Essa amiga paulista vive com o marido em um condomínio próximo ao centro da Capital e meio que reclama do movimento.
“Porque não abrem novas opções nos bairros da zona Sul de Porto Alegre?” E me perguntou como seria um passeio com a família no Vale do Taquari. Eu respondi que poderia visitar o Parque Histórico com casas originais de colonizadores alemães, além de atrações como a Lagoa da Harmonia, em Teutônia, a Cascata Santa Rita, em Estrela, o Convento São Boaventura, em Imigrante, e outros locais. Pronto! Só nesse roteiro já se deu um tempo as belezas de Gramado e Canela, economizando alguns trocados também.
De qualquer maneira, a agitação em cidades turísticas é menos nociva do que o movimento das grandes cidades, onde a ansiedade do cotidiano amontoa as pessoas em longos engarrafamentos para chegar ao trabalho, aquela consulta médica ou as escolas e faculdades. Um turista sempre tem um astral e espírito diferenciados. E deve ser bem recebido, em qualquer lugar. Seja na saturada Região das Hortênsias, ou nos vales do Taquari ou na própria Porto Alegre, que tem lá seus encantos. E se bater a saudade, voltemos a Gramado, ora!