Toda comunidade ostenta, ao longo do tempo, figuras folclóricas cuja trajetória os colocou em lugar de destaque da história. Em nossa querida Arroio do Meio é impossível pensar em futebol – de campo e futsal/futebol de salão – sem lembrar o Pingo Marder. “Uma figuraça”, como dizem os amigos mais chegados.
Reencontrei o intrépido atacante – que completa 72 anos em 27 de junho – em recente churrasco organizado pelo The Horse no campo do Sete de Setembro de São Caetano.
Apesar da idade, Pingo continua provocador, um contador de histórias (e estórias), característica turbinada pela memória prodigiosa. Em poucos minutos ele é capaz de relatar causos do futebol da região e também de política, além de digamos… fofocas atuais da aldeia. O cara é muito bem informado!
Nosso personagem foi o que se chama de “cigano do futebol”, perambulando por diversas equipes do Vale do Taquari. Jogou em Arroio do Meio, Lajeado, Encantado e Marques de Souza, entre outras paragens. É um raro exemplo de jogador que reunia força e habilidade, características que o transformaram num atacante disputado por diversas equipes, como se vê no currículo.
Desejo vida longa ao goleador, cujas histórias serão tema
de rodadas de cerveja por muito tempo em nossa terra
Não é preciso ser profeta para saber que Nelci Marder, a companheira de 49 anos, possui precisou de enormes doses de paciência para aguentar o gênio intempestivo do goleador. Já os filhos Guilherme, Felipe e Diego foram criados “por um cara exigente, que gosta e quer todas as coisas feitas corretamente”, conforme me confidenciou um deles. Já os netos – Helena, Lucas e Matteo – certamente usufruem de muitas regalias e total liberdade para fazer suas traquinagens. Afinal, ser avô é ser “pai com açúcar” e nem o intrépido boleiro resistiu à gurizada.
Outra característica do Pingo é a facilidade para relatar acontecimentos de um passado distante. Ele faz tudo isso – conta o ocorrido, cita os personagens e até imita alguns – no mais alto astral. Tem sempre na ponta da língua uma piada envolvendo personagens conhecidos dos arroio-meenses.
Se as condições físicas permitissem ele estaria até hoje correndo atrás da bola e marcando gols.
Depois de décadas de trabalho, o guerreiro sossegou. Aposentado, ainda se ocupa como representante comercial de brindes. Conforme um cliente ouvido por esta coluna “o cara, além de goleador, também é craque na arte de vender”.
Um forte abraço ao Pingo, esposa, filhos e netos. Vida longa ao goleador cujas histórias serão tema de rodas de cerveja por muito tempo em nossa terra.