Um post corneteando – na boa – o vencedor do último clássico Grenal, resultou em um embate “filo-chinelo-futebolístico- existencial”, entre dois curtidores de meu texto. Sob certo aspecto não pensei que uma postagem ingênua resultasse em tão acalorada discussão. Um dos participantes foi meu ex-colega de redação em ZH, o outro um amigo de Facebook que não conheço pessoalmente.
Mas percebi a tensão e ansiedade que percorre nossos últimos dias, por qualquer tema. Especialmente aqui onde a natureza nos massacrou com as mais terríveis cheias desde o século passado. E daí lembrei meu passado como repórter, na extinta Caldas Júnior onde, por questões absolutamente profissionais, fui setorista de qual clube? Isso mesmo, o Internacional! E foi lá que enfrentei a rotina de treinamentos, jogos e pautas com naturalidade e satisfação.
É lógico que preferia as vitórias coloradas que, com certeza, aliviariam meu cotidiano. Evitariam crises com dirigentes, especialmente. Nos clássicos Grenal, acompanhava igualmente, sem manifestar nada além de opiniões sobre o desempenho dos times. Sem relevar isso ou aquilo. E cá entre nós, não era muito difícil meu trabalho acompanhando um grupo com atletas do nível de um Valdomiro, Falcão, Batista, Jair – ele, o príncipe Jajá, entre outros.
Mas a Caldas Júnior faliu, troquei de patrão e esses dias ficaram para trás. O tempo passou e, por essas coisas do destino, acabei vizinho de um dirigente colorado nos meus tempos de repórter. Conversávamos muito sobre futebol, é claro, e num desses papos ele me convidou para assistir uma partida – nem lembro qual era o adversário – do “nosso time”.
Foi aí, nesse momento que confessei a ele que, na verdade, eu era torcedor de seu maior adversário. “Tu é gremistinha, não acredito!” bradou ele. E riu muito, dizendo que o enganara bem. Mas na verdade, eu não passara a perna em ninguém. Todos aqueles anos eu fora simplesmente profissional.
A paixão clubista não poderia ser maior do que a responsabilidade de agir íntegra e honestamente comigo mesmo. Ele me olhou, pensou um pouco e resmungou: “Tu não me engana, tu é vermelho, tá de pegadinha comigo.”
Rimos, bastante, seguimos falando sobre futebol e política sempre respeitando nossos lados. O meu, naqueles dias no Beira-Rio, era de um dedicado profissionalismo. E nesse quesito, fui campeão, ora!