“Somos livres para escolher, mas somos escravos das consequências”.
A frase é muito atual. Diz muito da irresponsabilidade que marca o comportamento humano do século 21. Época do massacre da tecnologia, da imposição de modismos pautados pelo exibicionismo, consumismo e pela teoria em detrimento da prática. Há especialistas para tudo, mas raros têm vivência concreta para justificar suas teses.
Jamais tivemos acesso a um volume tão imenso de informação. Paradoxalmente não há comparação sobre as insanidades cometidas pelo ser humano. Revolta a capacidade em usar os avanços para aplicar golpes, explorar a bondade alheia e a credulidade dos humildes.
Esta semana me somei a um grupo de amigos que buscavam recursos para pagar a viagem de uma menina bailaria de São Leopoldo. Aos 12 anos, a casa da família ficou coberta pela água por 23 dias. Além da perda de todos os objetos da residência, a enchente levou os 61 figurinos que a guria usava em exibições Brasil afora. Amanhã e domingo, ela deveria participar – como convidada especial – de um dos maiores concursos de balé do mundo, na cidade catarinense de Joinville.
Usando contatos de amigos da mídia de Porto Alegre, conseguimos espaço em jornais e rádios. No dia anterior à divulgação, a vaquinha (ou vakinha) somava pouco mais de 300 reais. Um dia depois, o total passava do R$ 5 mil. Um empresário doou as passagens de ônibus. A ele se somou a adesão de centenas de desconhecidos que ficaram sensibilizados pela história da pequena bailarina.
O bom senso jamais está nos extremos ,
mas está no meio termo, no equilíbrio
No mesmo dia, a prisão de um famoso “influencer” gaúcho mostrou que a maldade humana não tem limites. Pela internet ele vendia eletroeletrônicos por preços baixíssimos. Mas ao invés de entregar os produtos, postava vídeos nas redes sociais debochando dos incautos clientes que acreditaram na propaganda pela imagem forjada pelo “influencer”, desfilando com carrões importados e destinos paradisíacos pelo mundo.
Uso este termo entre aspas – “influencer” – por absoluta ironia. A função deste “especialista” em tecnologia digital é ganhar dinheiro a partir da necessidade alimentada por muitas pessoas que parecem precisar de um “messias” para dizer o que comer, consumir, frequentar ou adquirir.
É o símbolo de como a tecnologia engoliu o fator humano, tornando cada vez mais atual a expressão “efeito manada”. Quem não imita os outros é banido de seu grupo social ou olhado com desconfiança pelos amigos. Sinto isso na pele. Afinal, como um jornalista não mantém redes sociais como instagran ou facebook? Restrinjo a modernidade ao whatsapp e e-mail. Gosto não se discute, mas muita gente quer impor modismos que não trazem benefício algum.
“O bom senso jamais está nos extremos, mas no meio”, ensinava meu pai. O velho Giba sabia que o segredo nunca está no exagero, mas na parcimônia e no equilíbrio.
Por Gilberto Jasper