Às vezes, a ignorância é uma benção.
No Brasil, os alienados são felizes.
Duas expressões que podem chocar no primeiro momento, mas que, analisadas com cuidado, à luz da razão e das situação atual, são bastante atuais. E dolorosamente verdadeiras.
Sou um insaciável consumidor de notícias. Das 5h30min até a meia-noite ou mais, leio três jornais “em papel”, além de manter várias “janelas” do computador abertas com sites, blogs e aplicativos de informações. Por dever da profissão e pelo gosto por atualidades, procuro estar sempre sintonizado com os acontecimentos. Confesso, no entanto, que a cada dia tem sido mais difícil manter este vício adquirido ainda nos bancos escolares do Colégio São Miguel. Nos bons tempos dos concursos de redação ou, como se dizia à época “composições”.
O impacto de determinadas notícias impressiona. Assim como impressiona a velocidade com que absurdos irracionais desaparecem do noticiário sem deixar vestígios. Para ilustrar esta realidade, cito dois exemplos recentes, ocorridos nos últimos dias.
O primeiro envolve o trágico acidente aéreo em Vinhedo, interior de São Paulo, que provocou a morte de 62 pessoas. O outro, o assassinato de duas crianças – em Novo Hamburgo e Guaíba – pretensamente cometidos pelas mães das vítimas.
Viver com equilíbrio tem sido cada
vez mais uma missão desafiadora
No acidente aéreo, choca a incrível insensibilidade de inúmeros vigaristas que criaram perfis falsos e que, em nomes de familiares, pediram dinheiro para o deslocamento até São Paulo para reconhecer os corpos, entre outras despesas. Sim, este comportamento proliferou durante as recentes enchentes que assolaram o RS. Comportamentos deste tipo soam animalescos. Custa acreditar que existam seres ditos “humanos” capazes de solapar a memória de dezenas de mortos na fatalidade de um acidente, cujas causas ainda estão sendo apuradas.
Nos episódios do homicídio das crianças, parece impossível descobrir os motivos que levam as mães a cometerem um assassinato contra um ser humano inocente e indefeso. É uma tragédia incapaz de justificar motivos minimamente aceitáveis, mas que se repetem com frequência preocupante.
O fator humano é sempre motivo de preocupação. Termos como “empatia”, “solidariedade”, “humanismo” e “ajuda” nunca foram tão presentes em nosso cotidiano. Impressiona ver como “absurdo”, “barbaridade” e “inconcebível” comparecem com a mesma frequência na relação de manchetes que inundam o mundo da comunicação. Viver com equilíbrio tem sido cada vez mais uma missão desafiadora.