Vai aqui uma pergunta…
Como selecionar as qualidades adequadas para caracterizar um município, sem parecer babão? Quais adjetivos podem descrevê-lo bem, sem o risco de abalar a credibilidade de quem está com a palavra?
A pergunta fica ainda mais intrincada, quando se trata de falar sobre a comunidade de quem a gente faz parte e que está festejando aniversário: o caso de Arroio do Meio, que atinge seus noventa anos, exatamente no dia de hoje, 28 de novembro.
Seria muito feio dar pouca importância à data. Por outro lado, pareceria fake, se carregássemos a mão em exageros laudatórios.
Onde buscar ajuda?
As perguntas acima retratam a sinuca em que me vi metida, ao alinhavar estas linhas. Queria me juntar às comemorações de aniversário e também me consolar por perder a festança, que há de ser macanuda por certo.
Pensa que pensa, resolvi cavoucar no passado elementos capazes de descrever o presente. Aliás, não é esta uma das vantagens de não deixar escorregar para o esquecimento tudo aquilo que já aconteceu?
Fui buscar socorro no Hino de Arroio do Meio.
O hino é muito bonito.
Quem procurar no YouTube poderá facilmente acompanhar sua execução. A melodia foi composta por Cláudio Kerbes e a letra por dois padres: João Alberto Hickmann e Heitor Rossato. Se me dão licença, vou me prosear um pouco… João Alberto Hickmann era primo do meu pai, gente da família, portanto.
O hino põe em destaque as qualidades do nosso lugar e dos habitantes daqui. Mais do que tudo, dá realce para este povo incansável (nós próprios), que generosamente derramamos o suor, com o fito de tornar esta terra mais rica e melhor, e assim garantir um futuro brilhante – estou repetindo as palavras do hino.
Aqui está a ideia central do hino. Uma ideia materializada no passado, que continua a iluminar nosso presente. Ou seja, é a ação dos integrantes da comunidade que faz a diferença.
A letra do hino não identifica como dádiva dos céus a bonança experimentada. Atribui isso ao esforço dos cidadãos. E olhe que na altura em que o hino foi oficializado – 10 de outubro de 1953 – ninguém imaginava as catástrofes que nos atingiriam setenta anos depois… Ninguém previa a necessidade de suor extra para superar o desastre.
O hino declara também que Arroio do Meio é uma terra formosa e gentil. De fato, belezas naturais não faltam. Mas, todos sabemos que a mesma natureza, que é bela, pode ameaçar tudo o que existe.
De modo que, a segurança desta terra formosa e gentil vem do labor deste povo. O povo incansável garantiu a prosperidade no passado e continua respondendo por ela.
Este é o mesmo povo que resiste neste trecho difícil. E acorre para festejar o aniversário de Arroio do Meio, com desassombro e esperança.