É o que se pode chamar de um livrão: mais de quinhentas páginas. Foi publicado em 2011 com o título “Sobre a China”. O autor: Henry Kissinger, Secretário de Estado em governos de presidentes americanos.
Henry Kissinger esteve na China mais de cinquenta vezes, seja como funcionário do governo, seja no papel de consultor. Isso lhe deu a oportunidade de conviver com grandes líderes, conhecer profundamente as relações diplomáticas entre os países e, ao mesmo tempo, propiciou que desenvolvesse uma grande simpatia pela China. Com essas credenciais, ele se debruçou sobre documentos e registros de conversas, para escrever este livrão que tenho na mão.
“Quase todos os impérios foram criados pela força – diz Kissinger – mas nenhum consegue se sustentar por meio dela. Os impérios persistem, se a repressão dá lugar ao consenso.” Assim ele explica a unidade atual da China. Depois de ter atravessado toda sorte de conflitos internos ao longo de sua história, os valores e as crenças partilhados pelo povo chines são a real garantia da unidade do país.
Os valores predominantes da sociedade chinesa tem base nos ensinamentos de Confúcio (551-479 a.C.) Essa filosofia enfatiza a moralidade pessoal e governamental, a harmonia social, a justiça, a humildade, o valor do aprendizado constante. Aplicada às relações internacionais, a filosofia de Confúcio produz orientações como os seguintes:
· Nem todo problema tem solução. A obstinação na busca de soluções pode perturbar a harmonia do universo. É melhor ter paciência.
· Nunca arriscar o resultado de um conflito em um único embate de tudo ou nada.
· Em vez de reunir um poderio bélico superior, é preferível ir juntando força política e psicológica, de tal modo que o desfecho de um conflito vá se tornando cada vez mais previsível em favor de quem reúne a força política e psicológica.
Segundo Kissinger, a China como superpotência econômica dos dias atuais é um legado dos líderes das décadas de 1970 e 80. As comunidades progridem – afirma ele – por meio de líderes com visão do que é necessário e coragem para adotar medidas cujos benefícios, no começo, só eles conseguem enxergar.
Se Kissinger tem razão, que suas ideias sirvam de inspiração também para os governos municipais que estão recém começando a se estabelecer entre nós.