Costumo dizer que sou um dinossauro analógico. Aos 64 anos, o uso da tecnologia é um desafio diário, superado – quase sempre – com a ajuda dos filhos ou de pacientes estagiários que compartilham a rotina de trabalho. Não tenho vergonha de reconhecer esta faceta, embora admita que eu deveria ser minimamente atualizado, fazendo algum curso para ser menos dependente (e preguiçoso). A cada final de ano, a mania de “gostar de papel” impõe tarefas árduas, chatas e que exigem paciência. A principal, sem dúvida, é ir à papelaria para comprar uma nova agenda. Feita a aquisição, é hora da pior parte da velhice: atualizar todos os dados, como assinalar aniversário de amigos, colegas de profissão, além de anotar compromissos mensais, como o pagamento dos invencíveis boletos, estes fantasmas mensais que aterrorizam nossa rotina. Voltando à tarefa de atualizar a nova agenda, confesso que costumo adiar ao máximo o cumprimento deste compromisso.
Normalmente é feito em dois ou três dias, depois de vários olhares dissimulados para aquele livro, geralmente de cor preta, volumoso e antipático. Logo nas duas primeiras páginas da agenda – antes da contagem dos dias – costumo por minhas senhas. Isso mesmo, acreditem! Ali consta a senha para acessar a internet – sempre que a Claro derruba o sinal (com frequência cada vez maior!) -, além anotar o e-mail ininteligível do contador que faz meu imposto de renda. Também anoto ali o endereço do filho que mora em Brasília (um festival de letras e números, sem falar do CEP), a senha da tag para passar no pedágio e um monte de outras informações que deveriam estar melhores protegidas.
Também anoto a data dos cortes de cabelo, mas não sei bem porque, mas está lá! Antigamente anotava o tamanho da roupa dos filhos, mas agora decorei, o que sem dúvida é uma vitória. Apesar destas agruras, mantenho uma agenda muito completa. É o resumo de 40 anos de profissão. Junto aos contatos do celular, constitui um tesouro de valor inestimável, fundamental para trabalhar em comunicação. Costumo compartilhar minhas informações com colegas e amigos próximos. 2025 bate à porta. Vamos fazer balanços do ano que finda, comemorar a chegada de novos tempos, prometer e planejar muitas coisas que, daqui a 12 meses, veremos que não foram cumpridas. Nada mais normal