Pouca gente sabe. A lei que restringe o celular nas escolas é de autoria de um deputado federal. E ele é gaúcho, é Alceu Moreira. O projeto do parlamentar tramitou por dez anos no Congresso Nacional até ser sancionado pelo presidente da república na última segunda-feira. O fato, de grande repercussão, dividiu opiniões, simboliza uma tendência verificada há alguns anos em nosso país. Pouca gente sabe que a ideia do celular fora da escola é de um deputado. Sou filho de um ex-vereador – que à época não recebia salário e dispunha de pouquíssima estrutura para exercer o mandato –, trabalhei por quatro vezes na Assembleia Legislativa (com dois presidentes) e com dois governadores. Pelo currículo talvez soe corporativo o que direi a seguir. Infelizmente há uma tendência nefasta de demonização da atividade política por parte dos principais veículos de comunicação. De cada 20 notícias veiculadas sobre política, 15 são negativas, o que significa uma tremenda injustiça. Basta olhar ao nosso redor.
Nos 36 municípios do Vale do Taquari há inúmeros bons exemplos, inclusive copiados em muitas regiões do Estado. Esta mania de desacreditar os políticos provoca muitos efeitos nefastos. O principal é afastar da atividade pública “pessoas de bem” e ótimos profissionais em suas profissões. O resultado é de pessoas que se perpetuam na política e a invasão de oportunistas.
Este fenômeno acontece em nossos municípios. As emendas parlamentares, de bilhões distribuídos de forma obscura, turbinam candidaturas esdrúxulas. Pessoas experientes detectam carência nas comunidades e “vendem” soluções fáceis. A atividade política é fundamental para o desenvolvimento do país. Foi através dos políticos que a democracia foi restabelecida, a custo altíssimo, inclusive de vidas. Por isso, soa incompreensível esta obsessão em demonizar vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidente da república com seus respectivos vices. A imprensa, impregnada de arrogância desmedida, deveria fazer um exame de consciência e reconhecer as boas práticas políticas. No caso do celular fora da escola, pouquíssimas pessoas sabem que a ideia foi de um deputado gaúcho. Por que? Porque os grandes veículos de imprensa argumentam que “notícia que vende… é notícia ruim”. A que custo?