A Administração Municipal de Arroio do Meio, em parceria com empresas e entidades representativas de vários setores, realizará ações para trazer beneficiários do Bolsa Família ao mercado de trabalho formal. O objetivo é reduzir o número de pessoas que recebem o benefício no município e a falta de mão de obra. Além disso, quem é contratado tem os direitos que a carteira assinada proporciona, além de ter garantia para aposentadoria e uma renda mensal maior. O assunto foi discutido em um encontro, na noite de terça-feira, na sede da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Arroio do Meio (Acisam) e reuniu o Poder Público, empresários e demais entidades.
“Precisamos pensar em estratégias para que essas pessoas venham para trabalhar nas empresas com carteira assinada. Muitos estão no trabalho informal e continuam recebendo o bolsa, temos que mudar isso e vamos necessitar do apoio de toda a comunidade, pois é um trabalho de formiguinha. Temos que construir essa transição dia a dia, há uma cultura que se criou”, citou o prefeito Sidnei Eckert. Uma das ideias é de promover capacitações e organizar projetos nas escolas para que os jovens sejam incentivados desde cedo.
De acordo com o chefe do executivo, o Centro de Referência em Assistência Social (Cras) do município fará um trabalho de visita para as famílias para a conferência de dados que estão no cadastro do benefício e da situação em que vivem. Será uma vigilância socioambiental para analisar cada família. No momento da inscrição de novos cadastros, os detalhes também passam a ser observados. “O Cras terá um olhar especial daqui para frente quando falamos no bolsa família. Vão mostrar para as famílias o quanto é importante a carteira assinada, a aposentadoria, o décimo terceiro, o fundo de garantia e o quanto é positivo crescer em uma profissão.”
Eckert também lembrou que há beneficiários do bolsa família que não possuem condições de trabalhar ou que precisam se dedicar aos cuidados de filho. Portanto, o trabalho será com aqueles que não possuem impedimentos para serem inseridos no mercado formal de trabalho. “Sabemos que há aquelas mulheres com vários filhos e que possuem muitas dificuldades, alguns com deficiência. E também pessoas com mais de 60 também com limitações. Então, não podemos generalizar e criminalizar o todo. O olhar deve ser para aqueles que podem abraçar oportunidades de trabalho. Queremos reduzir os dados do Bolsa Família pela metade.”
A vice-prefeita, Andrea Susana Lange Barth, que tem experiência de cerca de 30 anos na educação, falou sobre algumas dificuldades que alunos enfrentam o que torna desafiador o ingresso no mercado de trabalho. “Fico muito feliz que o encontro reuniu muitas pessoas para falar sobre um assunto que une muitas frentes.”
O BOLSA FAMÍLIA E OS NÚMEROS
No encontro, a assistente social Natália Capitanio explicou que o Programa Bolsa Família foi criado em 2004 com o objetivo de reduzir a pobreza e desigualdade social. Inicialmente, era para ser um complemento na renda mensal aos unipessoais (pessoas que vivem sozinhas), famílias com criança ou adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Os valores recebidos também estão relacionados com a renda per capita, frequência escolar, entre outros. Para receber, a pessoa necessita fazer um cadastro junto ao Governo Federal. Ela também apresentou os dados de Arroio do Meio.
No ano de 2020, havia 90 beneficiários que recebiam entre R$ 80 a R$ 400. Naquele mesmo ano, veio o auxílio emergencial em função da pandemia. Atualmente, 534 estão inscritas no programa no município o que representa um aumento de 600% a mais em comparação com cinco anos. O número de 134 que recebe o benefício são unipessoais, 48 beneficiários são mulheres entre 19 e 59 anos e nove com 60 anos ou mais. Há ainda 70 homens entre 19 e 59 anos que recebem e oito acima de 60 anos. O número de 400 famílias que fazem o cadastro são mães solo. “O problema é que, ao longo dos anos, muitos passaram a ter o benefício como renda fixa e não como um complemento. A partir do mês de março, haverá uma mudança no cadastro do Governo Federal. Uma espécie de pente fino.”
MUDANÇA DE CULTURA
A psicóloga do Cras, Bruna dos Santos, desatacou que para mudar a realidade é preciso ter uma grande transformação na cultura. “Quando foi criado o auxílio emergencial na pandemia, mudou muito a cultura do trabalho. Há aqueles que ainda pensam que não é vantagem estar em indústria, portanto, é necessária uma mudança para trazer essas pessoas ao mercado de trabalho. Capacitações são importantes para que tenham a sua renda própria e saírem da situação de vulnerabilidade. No caso dos jovens, esse trabalho seria fundamental parta que eles aprendam com outras referências.”
Foto: Carolina Schmidt