Por Neusa Alberton Bersch
Multicolorido, envolto em embalagens plásticas com infinitas estampas, seja feito de açúcar, chocolate, com recheio, amendoim, de diferentes formas e tamanhos ou em cascas de ovos. A tradição de colorir os ovos tem origem em diferentes culturas e, independentemente de crenças religiosas, ela exalta a renovação e tem o poder mágico de conectar adultos e crianças.
Colorir as cascas de ovos é uma tradição que a confeiteira Fátima Hammes, 58 anos, mantém desde a infância quando residia em São Roque, Palmas. A mãe aprendeu com as vizinhas assim que foi morar na localidade. Cresceu vendo-as guardar a casca dos ovos utilizados no preparo dos alimentos e na Páscoa ajudava a pintá-los com papel crepom e depois enchê-los com a deliciosa receita elaborada com amendoim e açúcar.
Ao casar com Evilácio Hammes, Fátima continuou morando ali e a mãe auxiliava no trabalho de colorir os ovos, já utilizando uma tinta especial em que cada casca de ovo recebia uma estampa única, artesanal. No período que antecede a Páscoa, o casal prepara as cascas dos ovos que foram guardadas ao longo de vários meses. A produção sempre gira em torno de mil dúzias de ovos pintados. O recorde foi batido há poucos anos quando foram vendidas 1.213 dúzias de ovos, com ou sem amendoim.
Fátima sempre gostou de preparar receitas e acredita ter herdado os dotes culinários da avó materna que era de origem italiana e excelente doceira. “Ela fazia os bolos para as festas de casamento quando morava na região de Encantado”, recorda. Colocou a mão na massa e para obter uma renda extra passou a vender seus produtos nas casas. Na época de Páscoa, a produção dos ovos era o carro chefe, vendendo mais de 600 dúzias em uma temporada.
A aquisição de um automóvel otimizou o trabalho e as vendas aumentaram bastante. A legalização da indústria caseira permitiu vender a produção em outras praças e mercados. Após ficar instalado por mais de duas décadas em São Roque, em 2016, o casal se mudou para São Caetano, onde o empreendimento, que em 2025 completa 31 anos, atende desde então. A maior parte da produção vai para mercados de Encantado. Em Arroio do Meio, os ovos podem ser encontrados na Distribuidora de Doces Mânica.
Para Fátima, a Páscoa é uma data especial, mais até que o Natal, pois carrega também a perspectiva no sentido econômico. Segundo ela, a maioria das pessoas quando quer adquirir algo de maior valor, prospecta isso com o dinheiro que vai receber no fim do ano. “Eu faço relação com a produção da Páscoa, da venda dos ovos de casquinhas de amendoim. Sempre foi assim. É o meu extra, sempre penso na Páscoa, nunca no Natal. Com este trabalho estou ajudando o Coelho da Páscoa a deixar as crianças mais felizes”, afirma.