
Não sei se o pessoal que tanto se puxou ontem para comemorar o dia dos namorados conhece a maneira como a data entrou para o calendário no Brasil. Ou se sabe por que o mês de junho foi escolhido.
A coisa passou assim: em 1949, o publicitário João Dória voltou de viagem ao exterior impressionado com o sucesso comercial que o Valentine’s Day fazia em outros países – a data era consagrada para celebrar a afeição entre amigos, namorados, vizinhos, etc. No Brasil, não havia nada parecido. O problema é que o Valentine’s Day cai em 14 de fevereiro, dia de São Valentin, e no Brasil manter a mesma data ficaria na contramão. Podia se confundir com o Carnaval e aí ninguém daria bola. Então, veio a ideia de transferir a comemoração para junho – exatamente um mês que carecia de algum incentivo no comércio. Passado o dia das mães, havia um intervalo muito longo no calendário de festividades propícias a compras. O dia 12 de junho foi, então, escolhido. Servia bem ao propósito. Era véspera da festa de Santo Anônio, que é o santo casamenteiro. Isso favorecia estabelecer a associação com uma data sentimental. Como resultado, a celebração deixou de fora a ideia do Valentine’s Day, que homenageia principalmente a amizade, e se restringiu a celebrar o amor entre casais.
Como se vê, a ideia deu muito certo. O dia dos namorados torna-se cada vez mais popular, mais badalado e mais glamuroso. E, claro, ampliam-se de ano a ano as sugestões de presentes. Multiplicam-se os serviços oferecidos para enfeitar a data. Todos os que não tem um namorado para chamar de seu e todos os que tem um namorado que não é muito chegado nessa onda, ganham a chance de admirar à distância como o amor (dos outros) é lindo.
Venho olhando há mais tempo as infindáveis listas de presentes sugeridos para o Dia dos Namorados. Se fosse para escolher o que ganhar, botaria muita coisa aí na fila. Mas… aquilo de que gosto mais prefiro comprar mesmo, sem dar trabalho para alguém adivinhar.
Vi também presentes que não teria a menor vontade de ganhar. É o caso de umas lindas rosas que, de tão lindas, parecem verdadeiras. Já que não são, vão durar para sempre. Vão durar até, talvez, mais do que o amor… aí é que está a graça delas.
Uma sugestão singela me pareceu fofíssima. É a ideia de escrever uma cartinha de próprio punho e dizer aí as coisas que só vem sendo ditas nas redes sociais – situação em que se pega todo mundo para testemunha. A cartinha de que falo é para ser entregue meio em segredo. Talvez, venha com uma letra meio destreinada, talvez pareça meio cafoninha, mas eu adoraria.
Você também?