O bom momento do milho foi celebrado na manhã desta quarta-feira durante a abertura oficial da colheita do grão, na propriedade de Joceli Noronha, localizada no Rincão da Ponte, distrito de Alto União, no interior de Ijuí. O ato, organizado pela Associação de Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho) e secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, contou com a presença do governador Tarso Genro e do secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi
Durante o evento, que reuniu mais de 200 pessoas, foram assinados mais dois contratos pelo programa Mais Água, Mais Renda, que estimula, através da concessão de subvenções do governo do Estado e da desburocratização das licenças ambientais, investimentos em irrigação.
Os novos beneficiados são os produtores João Comandeur e Flavio Sartori, que adquiriu um pivô pelo valor de R$ 301 mil, que será pago em 12 parcelas, sendo a primeira e a última saldadas pelo governo do Estado. O produtor espera aumentar em até 80% a produção de milho a partir deste investimento.
Com uma área plantada de pouco mais de um milhão de hectares, o Rio Grande do Sul deve produzir cerca de cinco milhões
de toneladas, volume insuficiente para atender a demanda interna, estimada em torno de seis milhões de toneladas. O que, fatalmente, obrigará o estado a importar o produto, o que provoca alta do custo de produção nas áreas da suinocultura, avicultura e bovinocultura, além de promover evasão de divisas fiscais, calculadas em mais de R$ 100 milhões na safra passada.
Uma aposta
O governador Tarso Genro abordou a estratégia que orienta a política de investimentos do Estado, a qual, segundo ele, pode ser sintetizada pelo programa Mais Água, Mais Renda. Esta política, conforme o governador, que contempla todas as visões de desenvolvimento adotadas no atual governo, se desenvolve “de baixo para cima, da terra para a indústria”.
Por fim, lançou um desafio aos produtores de milho, dizendo esperar que no próximo ano pelo menos 50 mil hectares da lavoura estejam irrigados.
Alternativas
Em função de quebras ocorridas em outros países, o milho passa por um momento de valorização.Aqui no Estado, a saca de 60 quilos está sendo comercializada a preços que variam entre R$ 27 e R$ 30, valor superior ao preço base estabelecido
pelo Ministério da Agricultura para a região, que é de R$ 17,46. Esta situação preocupa as autoridades gaúchas, que buscam estratégias para manter aqui o grão colhido no Estado, visando evitar o chamado “passeio do milho”.
A secretaria da Agricultura tem buscado, juntamente com o sistema bancário e com o Ministério da Agricultura, criar mecanismos para que este objetivo seja alcançando. O primeiro encontro para debater o tema foi realizado na
semana passada e tem uma nova reunião marcada para esta sexta-feira. As alternativas passam pela criação de uma linha de crédito para retenção do produto.
No mesmo sentido, segundo o secretário da Agricultura, o Estado trabalha para aumentar a produção através do aumento da produtividade. “O programa Mais Água, Mais Renda, que subvenciona os investimentos e facilita o licenciamento ambiental, é um exemplo disso, pois está provado que é possível triplicar a produtividade com a adoção da irrigação”, informou Mainardi. Finalizando, o secretário declarou que “com o programa Mais Água, Mais Renda queremos atingir a cada ano novos números, novas conquistas, que se traduzam em aumento de renda para o produtor, aumento da produção e desenvolvimento do Estado”.
Valor agregado
O presidente da Apromilho, Claudio de Jesus, disse que a importância maior da produção de milho é o fato da atividade agregar valor a outras cadeias produtivas, como a suinocultura e avicultura. Com relação ao futuro, está confiante
de que a cultura venha aumentar em torno de 40% na próxima safra, atingindo o volume de sete milhões de toneladas.
O prefeito de Ijuí, Ubirajara Teixeira, lembrou que as tratativas com o governo do Estado, ocorridas no ano passado, se transformaram em ações concretas, que resultaram em benefícios para este segmento. Como prefeito do município
que planta cerca de 15% da área total de milho do Estado, Teixeira fez questão de declarar que o grão tem a capacidade de multiplicar alimentos ao servir de base para rações animais.
Por fim, Joceli Noronha reivindicou “seguro agrícola que dê garantias ao produtor, sem muita burocracia, e a garantia de preços mínimos”, para que o setor continue avançando.