Penso logo insisto. É por isso que de alguma maneira muito esquisita, ainda acredito na humanidade. Acredito? Vá lá que não é fácil. Hoje eu escrevo sem o mesmo entusiasmo, mas garanto um fiapo de fé. E aí surge a pergunta básica, fundamento de tudo: quem se interessa por minha boa vontade? Quem nas escalas mais altas do poder liga para o que eu penso? A colega que sente ao lado, pousou discretamente os olhos nessas primeiras e lamurientas linhas e opinou, – sem que eu pedisse. “Estás contaminado pelo Brasil e seus corruptos. Mas tem gente, tem leitores teus, que ligam para o que escreves. Veja se pode melhora isso”.
Ela saiu e me deixou embretado. A política é fundamental. A corrupção não. Uma vida disciplinada é igualmente importante, mas quem consegue? E o que tiramos destas lições vivas e assustadoras? E alguém concordará comigo, achará importante a minha opinião? De volta, essa minha colega, resmungou, tem fila até para lavar os pratos aqui, reclamando dos muitos outros que igualmente deixaram de sair para almoçar fora e trazem marmita de casa. Eu que acabara de voltar do almoço, encontrara dificuldades nos restaurantes lotados. A coisa ficou assim, dividida. Cada um administra a crise à sua própria maneira. Nunca nenhum mal é totalmente devastador, feito praga divina e mesmo o Todo Poderoso sempre deixaria alguma semente. Uma nova tentativa de criação.
É final de ano. Portanto, a pauta que seria pesada, ocupará este espaço sem opiniões sérias e compenetradas. Análises graves fiquem para os analistas e cientistas políticos. Eu quero encerrar o ano lembrando que o judiciário tem feito um trabalho excelente. Os ministérios públicos, os policiais civis, federais e de farda, nos surpreendem muitas vezes com ações bem estruturadas e sim, são eles que abrem um novo céu para os brasileiros. Nunca antes na história da politica brasileira tantos foram para a cadeira, ou pensaram em oferecer delação premiada para tentar amenizar seu castigo. Então, não é o fim dos tempos.
Estou preocupado, mas otimista sim. E tenho certeza de que alguém vai se importar com o que eu leio. E não me condenará por um idealismo que nunca é sem futuro. Tenho a verdadeira noção do que escrevo. E depois dos políticos ladrões acuados, os brasileiros de bem darão um sufoco nestes brasileiros sem escrúpulos que convivem conosco no cotidiano.
Esses sempre em busca de uma boquinha, ensinando filhos a dar um jeito de esquivar-se do mais difícil que é lidar com o amor próprio, o respeito ao próximo e dignidade em cada ato, por mais singelo que seja. Cadeia aos bandidos de hoje, educação para os que seriam os bandidos de amanhã. E chegaremos assim, a um Brasil mais íntegro e decente. O resto é farofada ao vento.

