Li mensagens de final de ano que adoraria ver transformadas em verdade. As redes sociais foram maravilhosas na disseminação de frases bacanas, sentimentos fraternos, imagens comoventes, às vezes, um tanto pueris, mas sempre recheadas de boa vontade. Não é isso que está faltando ao mundo? Mesmo com tanto amor, tanta disposição para rimas, decidi marcar algumas sentenças que, em minha opinião, me pareceram contraditórias, antagônicas. Por exemplo, pessoas que classifico entre raivosas e odiosas, a transbordar solidariedade e amor ao próximo.
“Em 2016, quero mais parcerias, que surjam novas alternativas de trabalho comunitário e empresarial para todos”, escreveu um sujeito que, há poucos dias antes do Natal, demitiu funcionários com a justificativa “de que a crise estava reduzindo os bons negócios”. Vejam que belo canastrão. Outro trocou a capa do Facebook por uma foto linda da família. Eu sabia que, atrás da árvore enfeitada, das caixas de presente, escondidas da decoração iluminada, estavam algumas histórias mal contadas sobre complicados casos extraconjugais. O cara resolveu se endireitar? Vou acompanhar, dentro de minhas limitações, é claro.
Outro repetiu via whatsapp, que seu maior compromisso era reunir-se mais vezes com os amigos e amigos de amigos. Trocar ideias contribuiu para a busca de entendimento, “uma mão sempre pode ajudar a outra”, digitou. Eu ri, ao perceber que, no fundo, o que ele almejava era ampliar a rede de fofocas que dissemina descaradamente nas redes sociais, ou nos encontros no café, no almoço. Um chato fofoqueiro e perigoso! Cuidarei, como sempre fiz, com o que digo a este sujeito.
As dezenas juras de emagrecimento, academias e cuidados com a saúde, chegaram a exaustão. Eu já me enganei com isso. “No ano que vem: dieta!” E realmente, houve uma dieta, mas de engorde. Estou falando de minhas promessas furadas. Tomara que vocês, gordinhos de fé, tenham mais sorte! Afinal, pior do que enganar os outros é iludir-se a si próprio. Mas a melhor de todas as mensagens, a mais sincera, veio de um amigo de longa data. Ele mergulhou na sinceridade e, em texto quase psicanalítico, anunciou: “Todo mundo desejando oceanos de boas situações para 2016. Eu, rebelde, opto por pedir desculpas. Desculpem os que agredi, magoei, acertei em seus íntimos segredos, rompi com as delicadas defesas. Desculpem os que esqueci, ignorei. Desculpem se disse mal, escrevi bobagens, arrogantes frases, previsões bobas e intolerantes. Desculpem, desculpem, desculpem. Em 2016 serei mais claro.”
Clareza de princípios. É isso! Ter um pingo, uma gota de decência em questões que possam refletir no cotidiano dos que nos cercam já é um bom começo. Pode ser no boteco, na praia ou na serra. Porque a tolerância, a educação e o respeito não tiram férias. De qualquer maneira, estou ligado. A minha parte, desde que não seja uma dieta instantânea, eu cumprirei. Podem cobrar. Estarei online.

