No último sábado, cumpri uma verdadeira maratona que se iniciou às 5h30min quando despertei em um hotel de Passo Fundo, onde cumpri um compromisso profissional na companhia do motorista e de um fotógrafo. Saímos da cidade por volta das 7h30min em direção a Porto Alegre.
Na BR-386, fomos obrigados a fugir para o acostamento a fim de evitar duas colisões, o que só comprova a necessidade urgente de manter (e acelerar) a duplicação da rodovia. Às portas da Capital, em Canoas, uma cena que já virou rotina: um acidente com três veículos nos manteve retidos por 45 minutos. Dois guinchos, um caminhão dos bombeiros e vários patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal tentavam organizar o caos. Em vão.
À tarde fui ao teatro da Fiergs assistir à cerimônia de formatura do curso de Medicina. Sem lugar na plateia, eu, minha esposa e meu filho ficamos de pé perto dos telões espalhados pelos vários ambientes. Fiquei impressionado com a quantidade de cerveja consumida junto ao bar localizado no térreo do teatro, principalmente por jovens.
Depois de quase quatro horas de solenidade, vislumbrei diversos daqueles consumidores de cerveja na direção de seus veículos rumando em direção às festas que proliferam nesta época do ano. No restaurante onde compareci, o consumo de álcool – de caipirinha a cerveja, vinho e espumante – beirava o absurdo, agravado pela noite quente do sábado. E não eram apenas jovens.
Um verdadeiro rali no final de semana mostrou porque as estatísticas do trânsito são mortais
O último compromisso foi a participação no baile de formatura no Grêmio Náutico União. O lugar estava superlotado e os sôfregos garçons não davam conta da multiplicação dos pedidos. As mesas estavam repletas com baldes com várias latinhas de cerveja, energético, espumante e vinho.
No retorno para casa, vislumbrei uma cena horrível: um carro, a duas quadras do clube onde se realizava a festa, colidira frontalmente com um poste. Guincho, ambulância e Brigada Militar presentes. No dia seguinte, ao passar a pé pelo local, fiquei estarrecido com o cenário do “acidente”, principalmente com a quantidade de restos do veículo além das marcas numa lixeira e em um poste (de concreto) danificados. Durante todo o final de semana, não tomei sequer um gole de cerveja sequer. Por convicção e por acreditar que o sono e o cansaço me venceriam.
Mais de uma dezena de jovens perderam a vida no fim de semana. As festas, formaturas, encontros de empresa ou com familiares com o tradicional amigo-secreto e outras confraternização se multiplicam nesta época, o que faz prever uma estatística macabra.
As manchetes, no entanto, não possuem o condão de sensibilizar milhões de pessoas que insistem na mistura fatal álcool-direção, situação agravada pelas condições precárias de algumas rodovias. O final do ano, para inúmeras famílias, será tristemente inesquecível.